Prestes a completar seis anos da morte de Daniel Junqueira Cremon, à época com 20 anos, após ser atingido pela descarga elétrica de um poste metálico na área externa do Atacadista Assaí, próximo ao Terminal Leste de Santo André, a família ainda aguarda decisão da Justiça no processo de indenização. Na tarde de ontem, foi realizada audiência no Fórum da cidade, no entanto, a sentença não foi proferida. Em outro julgamento, ainda sem data marcada, uma última testemunha da empresa será ouvida para, então, ser proferida a decisão do juiz. Laudos da perícia apontaram que a eletricidade vinha de caixa de força interna do estabelecimento.

Na ocasião, chovia forte e Cremon, que era de Americana, no interior do Estado, estava no município andreense para ir à formatura de um primo. Acompanhado de uma amiga, ele havia ido ao shopping para comprar um par de meias, que esquecera de trazer. “Ele passou próximo de um poste que sinalizava a entrada e saída de veículos, mas o giroflex de alerta não estava lá, somente os fios desencapados. A rua estava inundada, a energia do poste desceu para a água e formou um elo. Ele passou ali e foi arremessado”, contou a tia Rosemeire Fernandes Cremon, 47, enquanto empunhava uma faixa pedindo justiça. “É preciso ter responsabilidade com a vida”, completou.

A tragédia ainda fez outra vítima – Rubesnei Aguiar, 46, que passava pelo local e parou para ajudar o rapaz, mas recebeu a descarga elétrica e também morreu. No fim do ano passado, a Justiça sentenciou a empresa a pagar R$ 108 mil à viúva de Aguiar, além de pensão mensal até janeiro de 2037, mas a companhia entrou com recurso.

A ação movida pela mãe de Cremon, Ruti Aparecida Junqueira, 53, pede indenização de 500 salários mínimos (R$ 394 mil). “Estamos confiantes porque a responsabilidade da empresa já foi definida no outro processo”, disse o advogado Edson Belo de Oliveira.

Ruti, que veio de Americana, saiu da audiência muito emocionada. “É a primeira vez que volto aqui depois de perder o meu filho. É muito triste e angustiante. Nunca ambicionei dinheiro (com o processo), mas que se faça justiça.”