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Deixar casa vazia nas férias exige cuidados

Avisar vizinhos e suspender entrega de jornais podem ajudar

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
26/12/2011 | 07:00
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Fim de ano é o momento ideal para muita gente viajar. Hora de arrumar as malas, preparar o carro e até arranjar local para os animais de estimação ficarem. O problema é a segurança da casa, que ficará vazia.

Muita gente apenas tranca o portão e deixa luz acesa. Mas não adianta. O risco é grande, e a criminalidade fica atenta aos alvos fáceis que se tornam residências vazias. Para que sua viagem seja tranquila, o Diário ouviu especialistas e dá dicas para a proteção do seu patrimônio durante sua ausência.

"Ladrão não tem bola de cristal", advertiu o especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello. Por isso, é importante evitar divulgar a pessoas que não sejam de confiança ou em redes sociais o tempo que durará a viagem. Furtar uma casa vazia requer mais habilidade do que força. "É preciso informação de que o cidadão não estará em casa. E ela pode sair do próprio proprietário", alertou.

Por isso, todo cuidado é pouco. Assinatura de jornais e revistas deve ser suspensa temporariamente para evitar que fiquem acumulados no quintal. Luz acesa também é um problema. Ao deixá-las ligadas durante o dia, passarão a certeza de que o local está vazio. Fale com um vizinho de confiança e o instrua a fechar o portão com correntes presas de maneira folgada com cadeado. Quanto mais apertadas, mais fácil quebrar.

"As pessoas ficam tão eufóricas com a viagem que não se preocupam em organizar uma segurança maior para a casa. E a notícia de invasão de domicílio estraga qualquer viagem", disse Lordello.

Para quem viajará por período longo, a recomendação é investir alto. Instalar alarme residencial, que lhe avisará pelo celular de qualquer invasão de perímetro, pode ser útil. Mas há equipamentos mais refinados, como as câmeras de segurança que, ligadas à internet, podem lhe oferecer visões 24 horas por dia do interior da casa.

É claro que nem tudo é acessível para todos os bolsos, mas algumas soluções encontradas pelos veranistas são ineficazes, segundo Lordello. Uma das mais famosas é deixar o cachorro como vigia. "Se ele não recebeu adestramento para isso, é capaz de os bandidos levarem até o cachorro", brincou.

 

 

Dois motivos atraem os criminosos

Os feriados de fim de ano despertam a atenção dos bandidos por dois motivos. Além das casas vazias de quem foi viajar, os trabalhadores são alvo por terem recebido o 13º salário. O perfil das vítimas, no entanto, é amplo. Tanto bairros ricos quanto pobres podem ser alvos. "O crime está muito democratizado", disse o especialista Jorge Lordello.

Basta os bandidos saberem dos objetos de valor que se encontram na casa para ela se tornar alvo. "É normal em festas deixar computadores, laptops, roupas de marca e outros itens à vista das pessoas. Os comentários geram o desejo de terceiros. Quando se descobre que o proprietário não está, é o momento em que se decide agir", completou Lordello.

Para aumentar o alerta, fique de olho em sua rua para uma movimentação maior de carros grandes, como a Kombi. Somente com esses veículos os marginais conseguem completar com perfeição o furto. Em alguns casos, eles simplesmente estacionam o carro dentro da garagem. "Cheguei em casa e dei de cara com um carro. Peguei eles no flagra, levando minha televisão. Me agrediram e, quando acordei, vi que só deixaram o fogão e a geladeira. Eu achava que isso só acontecia em bairros ricos", disse Luiz Magalhães, 57 anos, do Riacho Grande, em São Bernardo.

 

Vizinhos são aliados contra os ladrões

"Hoje a gente conversa mais com os vizinhos", disse o comerciário Ovídio Simpionato, 58 anos, morador da Vila Pires, em Santo André. No ano passado, ele teve uma surpresa ao voltar de viagem ao Litoral e encontrar a casa revirada. Levaram até roupas infantis de sua filha. Dono de uma casa em Praia Grande, o jeito foi estreitar laços com os moradores da rua onde mora. "É melhor que uma cerca elétrica."

Fortalecer a união entre vizinhos é a lição ensinada pela Polícia Civil aos conselhos de segurança da região. O resultado é imediato. Como quem faz o ladrão é a ocasião, como dizem os especialistas, nada melhor que a casa, mesmo vazia, estar sob vigilância de amigos da rua. "Em uma ação desse tipo, ao arrombarem portões e estacionarem o carro, o barulho é muito grande. Com certeza alguém que conhece a rotina do local estranha", disse Jorge Lordello.

"A gente tem que aprender a cuidar um do outro", disse o empresário Wilton Pessoa, 53, presidente do Conseg (Conselho de Segurança) do bairro Assunção, em São Bernardo. Antes foco desse tipo de ação, os índices de furtos em casas de veranistas caiu drasticamente após o fortalecimento da relação entre vizinhos. "Lembramos regularmente em nossas reuniões a importância de se viver em comunidade em uma vila ou rua."

Simpionato lembra que sua rua também era alvo de furto em residências. Agora, com a ação da vizinhança, o problema diminuiu. "Era terrível. Agora fica todo mundo em alerta quando alguém viaja", disse.

Segundo Luiz Magalhães. quase todos os seus vizinhos no Riacho Grande, em São Bernardo, viajam, o que dificulta a ajuda na hora da ação dos criminosos. Para piorar, a proximidade com a Prainha faz com que se perceba que as residências estão vazias. "Os caras estacionam na minha porta, ninguém reclama, aí já ficam sabendo que está vazia.

 

 

Apartamento não é sinal de segurança

 

As precauções contra furtos durante viagem não são exclusividade de quem mora em residências. Apartamentos também podem ser alvo relativamente fácil para os bandidos. Novamente é necessário tomar cuidado com a divulgação de informações pessoais a desconhecidos. Na hora de deixar a chave, também tome cuidados. Porteiros novos e despreparados podem ter más intenções.

"Uma pessoa de longe da família pode usar informações como nome de parentes para tentar entrar no prédio. Assim como um porteiro pode dar a chave sem querer para pessoas que farão uma cópia", disse Jorge Lordello.

A dica é para restringir a circulação da chave dentro do prédio. Serviços como consertos e limpeza podem ser adiados para o retorno das férias. "As pessoas mudaram da casa para o prédio em busca de segurança. Mas isso criou série de comodidades que são aproveitadas pelos marginais", completou o especialista em segurança pública e privada.




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