O ministro da Fazenda, Pedro Malan, voltou a insistir na noite desta segunda-feira, que o aumento do salário mínimo traria a inflaçao de volta. Em entrevista ao Programa do Jô, da rede Globo, Malan disse que um bom governo nao se preocupa em colher os frutos antes do tempo, pondo a perder toda a semeadura. "Aumentar o mínimo para obter apenas melhores índices de aceitaçao popular, traria como resultado a volta a inflaçao", disse o ministro.

Malan respondeu às críticas feitas com relaçao à comparaçao entre o valor do mínimo e o da cesta básica. "É uma lástima que as nossas oposiçoes se recusem a discutir esta questao. Porque elas sabem que estamos certos, nao querem conduzir a discussao destas questoes, e fazem esta brincadeira, de mau gosto, dos R$ 20 que sobrariam depois de pagar a cesta básica", lamentou.

"O salário mínimo, quando lançamos o Real, era de R$ 64,79. Para comprar a mesma básica, em 1º de julho de 1994, precisava-se de dois salários mínimos e levava um troco de 22 reais. Hoje, precisa-se de um salário mínimo e leva-se um troco de R$ 20. Foi essa a comparaçao que fizemos", justificou.

O ministro admitiu que o valor do mínimo é baixo e explicou as razoes do governo em nao poder aumentá-lo. "O problema é que ele nao pode ser elevado por um ato de simples vontade política. Cada R$ 5 de aumento significa mais um bilhao de gastos, que nós temos que cortar em outro lugar: na saúde, na educaçao, no investimento público".

"Eu adoraria poder chegar amanha ao presidente Fernando Henrique Cardoso e dizer: 'nós achamos que é possível ter um salário mínimo de 200, 250, 300, 400 reais'. Eu nao tenho dúvida de que ele diria, como Jânio Quadros: 'entao, tenhamo-lo'. Ou 'façamo-lo'.