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Ciro Gomes diz que ficou 'indignado' com novo mínimo
Do Diário do Grande ABC
24/03/2000 | 16:17
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O ex-governador e ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes, virtual candidato do PPS à sucessao presidencial, classificou nesta sexta-feira, em Salvador, de "indignidade" o valor do salário mínimo fixado pelo governo, chamando o presidente Fernando Henrique Cardoso de "irresponsável", ao propor a regionalizaçao do mínimo "só para se vingar da governadora Roseana Sarney (PFL) e do senador Antonio Carlos Magalhaes (presidente do Congresso, do PFL da Bahia), que defenderam um valor de US$ 100".

Pelos cálculos de Ciro Gomes, a economia brasileira suportaria "tranquilamente" um mínimo de R$ 200, "sem que isso causasse nenhum efeito negativo". Ele chamou de "vileza e pusilanimidade" o fato de governo justificar o pequeno aumento do mínimo pelo deficit da Previdência. "Os técnicos queixam-se que um salário de 200 reais agregaria R$ 2 bilhoes ao déficit da Previdência, que chegaria a R$ 8 bilhoes ao ano, mas ninguém fala que o principal combustível do rombo das contas públicas é o serviço da dívida: sao R$ 130 bilhoes por ano para uma arrecadaçao de R$ 152 bilhoes", lembrou.

Sobre a posiçao de ACM, que aceitou o valor de R$ 151 estabelecido pelo governo para o mínimo, quando, antes, nao abria mao de R$ 180, Ciro Gomes disse que ele fez "ficçao política", usando a miséria do trabalhador. "Todo mundo sabe que as prefeituras mais vulneráveis sao controladas por partidos conservadores (como o PFL); entao, essa grita dele (ACM) era para inglês ver", criticou, assinalando que, se Magalhaes fosse realmente sincero, poderia agora, como presidente do Congresso, pôr a medida provisória (MP) do mínimo para votar e a modificar com a ajuda dos partidos de oposiçao.

Ciro Gomes fez uma palestra para cem empresários baianos na manha desta sexta, com o objetivo de falar da proposta de governo. A tarde, iria participar de evento semelhante em Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador. Ele anunciou o apoio ao virtual candidato do PT à sucessao municipal de Salvador, o deputado federal Nélson Pelegrino, e está aguardando uma definiçao da direçao nacional do partido para a formaçao de uma coalizao de centro-esquerda, o mais rápido possível, visando a eleiçao presidencial. Ele quer o apoio do PT, sob o argumento de a sigla teve papel importante no passado em apontar os erros do sistema e, agora, precisa mostrar as soluçoes junto com o PPS.

O tom crítico ao presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi substituído pelos elogios. "Ele (Lula) é o maior líder popular da América do Sul", disse, temendo que uma demora da indefiniçao petista possa contribuir para que o grupo político de Fernando Henrique migre para a candidatura dele. "Aí, será terrível, pois, se eu, por pragmatismo, aceitar esse apoio conservador, escaracterizo-me; se nao aceitar, eles votam em mim e, depois, vao procurar-me, criando uma situaçao desagradável."




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