O Comitê Científico das Naçoes Unidas sobre a radiaçao atômica (UNSCEAR) indicou que ``nao há provas de repercussoes importantes na saúde pública atribuíveis à exposiçao à radiaçao, 14 anos depois do acidente, salvo um nível importante de cânceres (tratáveis e nao malignos) da tireóide entre as crianças', anunciou num comunicado a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Segundo o UNSCEAR, 1.800 crianças foram atingidas por esse tipo de câncer, e ``devem ser esperados novos casos'. No entanto, segundo o UNSCEAR, ``nao há provas científicas de um aumento do número total de cânceres, da taxa de mortalidade ou de transtornos nao mortais que possam estar ligados à exposiçao à radiaçao'.

A Ucrânia se comprometeu na semana passada a fechar, em 15 de dezembro de 2000, o último reator da central de Chernobyl ainda em funcionamento. O quarto reator desta central explodiu em 26 de abril de 1986, produzindo uma radiaçao de intensidade equivalente a 500 bombas de Hiroshima.

Este acidente, o mais grave da história da energia nuclear civil, contaminou grande parte da Europa. Calcula-se que o resultado tenha sido entre 15 e 30 mil mortos.

A AIEA precisou nesta terça-feira que as conclusoes do UNSCEAR sao parecidas com as da conferência de cientistas do mundo inteiro, que a agência organizou em sua sede de Viena, em 1996, ou seja, dez anos depois da catástrofe.

Em suas conclusoes, essa conferência apontou ``um aumento muito importante do número de cânceres da tireóides entre aqueles que eram crianças em 1986, na área atingida, o que constitui até agora a única prova clara das repercusoes da radiaçao na saúde pública'.

Em seu relatório, o UNSCEAR afirma que ``o risco de leucemina, uma das principais preocupaçoes (...) nao parece alto, nem sequer entre as pessoas que participaram das operaçoes de socorro'.

``A grande maioria da populaçao nao sofrerá conseqüências sanitárias sérias ligadas às radiaçoes do acidente de Chernobyl', informou o comitê. O UNSCEAR, criado em 1955 pela Assembléia Geral das Naçoes Unidas, é composto por cientistas de 21 países.