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A questão vacinal
Rodolfo de Souza
27/01/2022 | 09:25
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É necessário continuar o processo de vacinação, diz o senso comum. E agora é a vez das crianças, embora uma luta árdua e constante tenha de ser travada contra o poder maior, sempre propenso a não admitir a urgência em se imunizar qualquer faixa etária. Postura que, aliás, vem contrariando o clamor da Nação, que exige o líquido protetor, agora também para a molecada. É, afinal, o milagre da ciência cumprindo o seu papel de deter o avanço da molécula com o diabo de suas variantes.

O mundo, diga-se de passagem, reconhece a eficiência do sistema de imunização brasileiro, este que ora nos enche de orgulho, mesmo que ainda sejamos filhos de um País empobrecido pela variante fascista que nos come por uma perna e mente, negando ao povo a informação, vital em momento tão crítico.

E a contrariedade governamental é desalento para essa gente morena, sobretudo porque ela vive numa Pátria que segue na contramão do negacionismo mundial, o vilão responsável pelo entrave no combate à peste. E a expressão que deriva do verbo negar e ganhou espaço na mídia do planeta nos últimos tempos, diz respeito à pessoa de parco saber, que se recusa a tomar a vacina. E em terra Tupinambá a eloquência ao se proferir o negacionismo vem de um sujeito, justamente o que não poderia fazer dele instrumento de morte. Felizmente a população, mesmo aquela parcela propensa a acreditar em palavras vazias, não tem lhe dado crédito no tocante a assunto tão delicado, uma vez que vacinação faz parte da cultura deste País, e isso, ideias vagas, desprovidas de qualquer fundamento, não tem força para mudar.

Mas a batalha contra as condutas insanas do poder vem de longa data. No tempo em que se começou a vacinar os marmanjos, a intenção em se barrar o processo já era fato consumado e escancarado. Não haveria, pois, de ser diferente com a criançada. E a gente miúda, que nem entende ainda as coisas de uma vida que de repente resolveu presenteá-la com um acessório a mais, além dos costumeiros tênis, mochilas, fones, sonhos e muita alegria, corre agora para a fila em busca da sua proteção. Ela, que também viu acrescentado o termo pandemia ao seu vocabulário, parece que já se habituou aos rigores dos novos tempos, e tem encarado com alguma seriedade o distanciamento social, suplício para quem adora se agarrar.

O líquido protetor bate, pois, à porta da garotada e é recebido com entusiasmo. Assim, se o obscurantismo não obstruir o caminho para a salvação, certamente assistiremos ao limiar de novos tempos, logo, logo. E esse poder maior, imperscrutável e inatingível, está ciente de que não será fácil sabotar novamente o processo, uma vez que o povo não esconde sua ansiedade em ver vacinadas as suas crianças.

Lembrando que o órgão oficial, encarregado de autorizar a imunização, já liberou também a vacina paulista. Aliás, justamente por executar com responsabilidade o seu trabalho é que vem sofrendo represálias de pessoas que não sentem lá muito apreço pela vida, e que, por azar, ditam as regras cá neste vasto território, de vastos contrastes. Entretanto, contrário às suas determinações, as vacinas para a criançada, devagar, estão chegando. E, tudo indica, não há como deter a sua aplicação.

Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André.
É professor e autor do blog cafeecronicas.com
sourodolfosou@gmail.com 




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