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São Paulo, Capital

A cidade de São Paulo é a referência cultural e econômica de todo o Estado. Quase todos os que nasceram e

Por Wilson Marini
12/09/2011 | 00:00
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A cidade de São Paulo é a referência cultural e econômica de todo o Estado. Quase todos os que nasceram e vivem no Interior ou Litoral se deslocam à capital para negócios, estudos, tratamento médico, lazer ou visitas pessoais algumas vezes na vida ou periodicamente. E enquanto paulistanos sonham um dia viver no campo ou na praia, paulistas de todas as regiões engrossam todos os dias as correntes migratórias e incham a capital. A metrópole atrai e encanta e ao mesmo tempo estressa e afugenta os seus moradores.
Não é por acaso. Trata-se do maior centro financeiro da América Latina. É a cidade mais populosa do país, com seus mais de 11 milhões de habitantes (19 milhões na região metropolitana). É uma das cidades mais globalizadas do mundo no sentido da diversidade, serviços e imigrantes. Sozinha, a capital paulista responde por perto de 12% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Segundo o Wikipedia, é a sexta maior cidade do planeta.
Um economista, Tadeu Masano, afirma que a cidade de São Paulo recebeu 800 mil novos moradores entre 2000 e 2010. A estatística foi feita com base em pesquisas do IBGE e fontes do setor imobiliário. Desse total, 75% das pessoas se instalaram na periferia da capital e cidades da região metropolitana, o mais perto possível de São Paulo, a capital, mas na maior parte dos casos muito distante fisicamente dos locais onde existem oportunidades de trabalho. Levas enormes optaram por morar nas franjas das cidades, em locais desprovidos de infra-estrutura. A demanda por transporte é inevitável. O resultado é o desperdício de tempo e recursos materiais nos deslocamentos diários. Uma pessoa que mora no extremo da zona sul e gaste duas horas para chegar até o trabalho e mais duas para retornar, gasta em média 40 dias do ano apenas com o percurso de ida e volta.
"Os programas desenvolvidos pelo governo não buscam oferecer uma solução completa para o problema. Programas como o Minha Casa, Minha Vida, destinados à habitação popular, se resumem apenas à construção de casas, que não são suficientes para o crescimento econômico dessas regiões. É necessário um planejamento completo, que incentive a criação de empregos e geração de renda nesses locais", afirma Sérgio Pereira Guimarães, especialista em urbanização e diretor da Vallor Urbano, empresa que atua no segmento.

Concentração
Outro número impressionante na pesquisa do economista Masano: 60% dos prédios de escritórios construídos na última década foram edificados em uma área nobre que abrange unicamente bairros como Pinheiros, Vila Mariana, Campo Belo e Morumbi. "Essas pessoas são colocadas nas periferias como verdadeiros depósitos humanos. Não existe uma preocupação com a infra-estrutura e a atração de investimentos para essas regiões".  Para Sérgio, é necessária uma mudança urgente nas políticas públicas para minimizar os impactos causados pela falta de planejamento urbano. "Se continuarmos nesse caminho, daqui a 30 anos, fabricaremos milhares de guetos, problema enfrentado pelas cidades americanas". O especialista acredita que os projetos desenvolvidos pelo governo são ineficazes, segregando os cidadãos e obrigando-os a viver sem uma perspectiva de crescimento. "Os atuais programas de habitação não se preocupam com a integração do cidadão, são modelos que apartam e segregam as pessoas", completa.

Meninos e meninas nas ruas
Menores carentes são um desafio permanente na capital e maiores cidades do Interior Paulista. Andam soltos pela rua, muitas vezes orientados por familiares adultos, engrossando a legião de pedintes. Estão a um passo de pequenas transgressões que conduzem, ato seguinte, a delitos maiores e à inserção no mundo da criminalidade. Daí a importância da ação firme do poder público e da sociedade no sentido de prevenir e fomentar o fluxo contrário à miséria, ou seja, a inserção social. Educação, arte e esportes são alguns dos caminhos.
Mas as soluções são polêmicas. Antonio Carlos Malheiros, professor do Curso de Direito das Faculdades Integradas Rio Branco e coordenador da Vara da Criança e Juventude do Tribunal do Estado de São Paulo, defende a tese que casos de menores carentes que cometem ações violentas na comunidade são difíceis de lidar. Diz ele: "Pegar essas crianças e encaminhar para um abrigo é quase que utilizar um band-aid em uma doença como um tumor maligno. Precisamos tirar essas crianças das ruas para evitar que sejam mortas. Porém, aonde vamos colocá-las? Qual abrigo teria condições de guardá-las?". Segundo ele, o Estado deve procurar os pais dessas crianças. "Em geral são famílias desestruturadas com problemas de miserabilidade, alcoolismo e até vícios de drogadição. Nesse último cenário, entendemos que é dificílimo uma pessoa que queira adotar se interessar por um menor com esse quadro", conclui.




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