Casillas, 21 anos, defendeu um pênalti durante a partida e dois na série de desempate, e se transformou no herói da classificação espanhola. O jogador do Real Madrid era reserva até o desligamento de Cañizares — o titular cortou um tendão do pé com um vidro de perfume, nos primeiros dias de concentração, já na Ásia.

Espanha x Irlanda encerrou a segunda rodada das oitavas-de-final, o dia mais emocionante do Mundial até aqui. Antes da dramática partida que classificou a Fúria, Senegal e Suécia também fizeram um jogo eletrizante, que terminou com a classificação dos africanos na morte súbida.

Assim como contra a Alemanha na primeira fase, os irlandeses provaram que formam o "time que não desiste nunca", como gosta de dizer sua torcida. Após perderem um pênalti, empataram o jogo aos 45 do segundo tempo. E de pênalti. Foram para a prorrogação e deram um tremendo sufoco nos espanhóis, mas acabaram desclassificados graças ao inspirado Casillas. E nos pênaltis.

O jogo - A Espanha abriu o placar aos 8 do primeiro tempo, com Morientes. O atacante do Real desviou de cabeça um cruzamento preciso de Puyol. A partir daí, a Fúria dominou a partida. E só não ampliou o marcador graças à incapacidade de seus atacantes em furar a linha de impedimento da defesa irlandesa, e também porque os bandeirinhas estavam com os olhos afinados nas marcações de impedimento.

As coisas começaram mudar aos 17 minutos do segundo tempo. O bom árbitro sueco Anders Frisk marcou pênalti de Juanfran em Duff. Casillas defendeu a má cobrança de Harte — Kilbane pegou o rebote de cara para o gol, mas chutou fora. Os irlandeses se animaram, apesar disso, e receberam uma ajudinha do técnico Jose Antonio Camacho, que na intenção de segurar o resultado simplesmente desmontou seu ataque, trocando Morientes por Albelda e Raul por Luque.

Imediatamente, Mick McCarthy colocou em campo o gigante Quinn, de 1,95 m, especialista em bolas aéreas. E aí a vida dos espanhóis virou um inferno. Todo o time irlandês passou a servir o grandalhão com levantamentos na área (Casillas, de passagem, é péssimo na saída de gol), até que Hierro resolveu segurá-lo pela camisa na cobrança de uma falta. O árbitro viu e marcou pênalti. Eram 44 do segundo tempo. No minuto seguinte, Keane bateu e conferiu.

Na prorrogação, não bastasse a pressão dos irlandeses, a Espanha teve de jogar com dez — Albelda sentiu o púbis e o técnico Camacho já tinha queimado suas três substituições.

E eis que na cobrança dos pênaltis, brilhou novamente a estrela de Casillas. Holland chutou para fora e o goleiro espanhol defendeu as cobranças de Connolly e Kilbane. Na seqüência, a Espanha perdeu duas cobranças com Juanfran e Valerón e Irlanda empatou com Finnan. Mendieta marcou o último gol e salvou a Fúria.

Ficha Técnica

Espanha 1 x 1 Irlanda (3 x 2 nos pênaltis)
Estádio: Swon (Coréia do Sul)
Árbitro: Anders Frisk (SUE)
Gols: Morientes, aos 8 do primeiro tempo; Keane, aos 17 do segundo. Cobranças de pênalti: Keane e Finnan, pela Irlanda; Hierro, Bajara e Mendieta, pela Espanha.
Cartões amarelos: Juanfran, Baraja, Hierro (Espanha)

ESPANHA
Casillas; Puyol, Hierro, Helguera, Juanfran; Luis Enrique, Baraja, Valerón, Javi de Pedro (Mendieta); Raul (Luque), Morientes (Albelda). Técnico: Jose Antonio Camacho

IRLANDA
Given; Finnan, Breen, Staunton (Cunningham), Harte (Connolly); Gary Kelly (Quinn), Holland, Kinsella, Kilbane; Duff, Keane. Técnico: Mick McCarthy