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TRT decidirá greve na Volkswagen
Por Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
21/10/2005 | 08:24
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Após os sucessivos fracassos em se chegar a um acordo sobre a PLR (Participação nos Lucros ou Resultados), o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) definirá o desfecho da greve na Volkswagen, de São Bernardo. O tribunal julgará, na próxima semana, o caráter abusivo da paralisação, que nesta quinta-feira chegou ao 21º dia, dos quais 14 sem a produção de veículos. A data ainda será definida pelo TRT.

O anúncio do julgamento ocorreu depois do fracasso de uma solução amigável para o impasse sobre a PLR, em audiência convocada nesta quinta-feira pelo TRT. Sem uma conciliação entre as partes, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) prometeu manter o movimento iniciado em 29 de setembro, no qual 14 mil carros já deixaram de ser produzidos. A continuidade da greve deverá ser confirmada em assembléia programada para as 8h desta sexta-feira, com os funcionários dos três turnos de produção.

Nesta quinta-feira, após audiência, os sindicalistas e membros da Comissão de Fábrica se reuniram na tentativa de engrossar a paralisação até o julgamento. Representantes da Volks saíram do tribunal sem comentar o teor e os rumos das atuais negociações com o Diário.


Impasse – Durante a conciliação, o vice-presidente Judicial do TRT, Pedro Paulo Manus, propôs que as partes, montadora e sindicato, negociassem um valor específico para a produção, sem levar em conta os dias parados. O objetivo era de se fechar um acordo emergencial para acabar com a greve. Já a reposição do período de paralisação seria discutida em nova oportunidade.

Com base na exposição do TRT, o sindicato fez uma proposta: aceitar o valor de R$ 5 mil de PLR, para garantir uma produção de 208 mil veículos e a reposição dos dias parados, mas isso até 31 de março de 2006. Esta foi a primeira vez que a entidade admitiu tal meta de produção desde o início das negociações, em agosto.

No entanto, a Volkswagen rejeitou. A montadora alegou que era necessário estipular patamares, mínimo e máximo, de pagamento da participação, endossando que a demanda do mercado interno é que vai indicar a necessidade desse volume de carros. Diante disso, o sindicato apresentou nova proposta, de R$ 5 mil sem metas de produção. A montadora voltou a recusar, pois quer os 208 mil automóveis até dezembro.


Prazo e defesa – O vice-presidente do TRT, Pedro Paulo Manus, explicou que o julgamento da greve ficará por conta da Sessão Especializada em Dissídios Coletivos do tribunal. Para comandar o processo, foi designada como relatora da ação a juíza Wilma Nogueira de Araújo Vaz da Silva.

Manus concedeu prazo de 48 horas para as duas partes apresentarem suas defesas. O juiz também indeferiu o pedido de liminar que obriga o sindicato a manter um efetivo mínimo de trabalhadores para a retomada da produção, apresentado junto com o pleito de dissídio coletivo do Ministério Público do Trabalho.

“Rejeitei porque a produção da Volkswagen não é considerada atividade essencial, como diz o pedido de liminar”, disse Manus. Com a decisão, a greve pode continuar até o julgamento da greve.

Para o vice-presidente do sindicato, Francisco Duarte de Lima, o Alemão, o resultado da audiência mostra que a Volkswagen não quer mesmo fechar um acordo. “Chegamos até a garantir a produção desejada pela empresa, mas a empresa não quis”, disse.


Ford – O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Ford assinaram nesta quinta-feira acordo que estabelece o pagamento de uma PLR de R$ 5 mil para mais de 4 mil funcionários da montadora em São Bernardo. O valor será garantido sem uma meta de produção estabelecida para a fábrica. A primeira parcela do abono, de R$ 2 mil, foi concedida em maio. A segunda cota virá em dezembro.



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