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Pode viver de sanduíche?
Por Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
29/05/2011 | 07:00
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Se pudesse, Milena Bibiani Aguilar, 7 anos, de Santo André, comeria sanduíche todos os dias. Mas ela sabe que isso está fora de questão. "Acho que ficaria doente", diz a menina, que ainda dá um pouquinho de trabalho na hora de se alimentar. Para incentivá-la a comer direito, a família, que sempre gostou de fast-food, esforça-se para mudar os hábitos.

E por que não se deve comer só lanche? É porque faz mal à saúde. Em geral, esse alimento não tem vitaminas e nutrientes, que o organismo precisa para funcionar bem, e tem sal, açúcar e gordura em excesso.

Quem ingere com frequência hambúrguer, cachorro-quente e frituras pode desenvolver ainda na infância hipertensão (pressão alta) e obesidade, além de ter outras doenças no futuro, principalmente do coração. Segundo especialistas, o obeso ainda tem mais dificuldades para fazer amizades e conseguir emprego na fase adulta.

PROBLEMÃO - Os Estados Unidos são o país do fast-food e das pessoas acima do peso. O problema é tão grave que pesquisas científicas mostram que as novas gerações poderão viver menos do que seus pais, tudo por causa do aumento da obesidade em crianças e adolescentes. Com exceção dos períodos de guerra, esta é a primeira vez na história norte-americana que isso acontece.

Laís Pieruccetti, 8, visitou a Disney e viu de perto como as pessoas costumam se alimentar nos Estados Unidos. Ela mesma teve de comer pizza e hambúrguer na maioria dos dias. "Enjoei. Depois que voltei, fiquei um tempão sem querer lanche."

Mas dá para mudar os hábitos e ser saudável. Os adultos estão se empenhando para ensinar às crianças a comer melhor. A primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, lançou a campanha Vamos nos Mexer! (Let's Move! - www.letsmove.gov, em inglês) para tentar mudar isso, propondo a combinação entre alimentação equilibrada e exercícios físicos.

No Brasil o problema também está crescendo. De cada 100 crianças, 14 são consideradas obesas. Para fugir desta estatística. Isabella Serrano, 7, não ingere muito sanduíche. "Comer bem é comer arroz, feijão, verdura, legume e fruta. Sempre faço isso."

No Instituto Educacional Crescem, em Santo André, a garota e a amiga Luiza Miguel de Sales, 8, tiveram aulas com nutricionista e aprenderam a importância de experimentar de tudo. "Gosto de provar coisas novas. Você só descobre o que gosta de verdade quando faz isso", diz Luiza.

 

Com mudanças, pode ser saudável

É possível comer sanduíche que não faça mal à saúde? Lógico, basta trocar os ingredientes. O pão deve ser integral (feito de farinha com muitos grãos), pois o que leva só farinha branca não possui nutrientes.

O recheio pode ser peito de frango, queijo branco, tomate, alface, rúcula, pepino, cenoura ou beterraba ralada e orégano, para dar gostinho especial. Risque da lista maionese, ketchup, mostarda, batata palha e bacon, que têm muitas calorias (quantidade de energia contida em cada alimento), gordura e nenhuma vitamina.

Esse pode, inclusive, ser o lanche que você leva para a escola. Assim, evita-se ingerir frituras, salgadinhos e outras guloseimas, que não trazem benefício à saúde, durante o recreio.

Os hábitos alimentares e a culinária fazem parte da cultura do povo. São passados de uma geração a outra e causam sensação gostosa quando entramos em contato com eles. É só lembrar de como a gente se sente ao comer algo que a avó fez. Aliás, pergunte se sua família tem uma receita especial e peça para aprender a prepará-la.

O fast-food não tem nada a ver com os hábitos e costumes brasileiros; chegou há algumas décadas por influência norte-americana. No entanto, você pode tirar o título de vilão do sanduíche e reunir os amigos em casa para prepará-lo. Em vez de salsicha e hambúrguer, use ingredientes saudáveis. Além de comer bem, vai se divertir.

 

É preciso comer melhor e fazer mais exercícios

Se para você parece ser impossível parar de comer fast-food, fritura, salgadinho, doce e macarrão instantâneo (também rico em gordura e sem nutrientes), o jeito é se esforçar para consumi-los de vez em quando e em menor quantidade.

O arroz (principalmente o integral) e feijão são considerados saudáveis quando combinados com verdura, legume e pequeno pedaço de carne. Para completar, leite ou suco natural - refrigerante só em ocasiões especiais - e fruta.

Mas para garantir vida longa e com mais qualidade não adianta comer alimentos nutritivos e passar horas na frente do computador, TV ou videogame. É preciso mexer o esqueleto sempre. Atividade física é fundamental para gastar as calorias ingeridas e fazer o corpo funcionar bem. Quem não se exercita também corre risco de se tornar obeso.

 

Muitas mudanças

O mundo mudou muito nos últimos 40 anos. Hoje, a maioria vive com pressa, sem tempo para nada. Por isso, o fast-food ganhou tanto espaço na alimentação; é rápido e prático para preparar e comer. Não dá para negar que seja gostoso, mas agora todos começam a perceber que não é bom encher a pança com lanches, frituras e refrigerantes. Para ter saúde,

é preciso voltar aos hábitos do passado, quando essas comidinhas só eram permitidas de vez em quando.

 

Muito antigos

Apesar de ter se popularizado no século 20, o sanduíche foi criado bem antes. Teria surgido em 1762, durante jogo de baralho na Inglaterra. John Montagu, o conde de Sandwich, não queria parar de jogar para comer. Então, pedia para prepararem carne entre dois pedaços de pão. Aos poucos, a ideia se espalhou.

O hambúrguer não é invenção dos norte-americanos. Os alemães, que viviam em Hamburgo, aprimoraram a receita e a levaram aos Estados Unidos no início do século 20. No entanto, acredita-se que antes disso, o povo tártaro, que vivia se mudando de um lado para o outro, já o preparava com carne moída.

Não se sabe ao certo quem inventou o cachorro-quente. No fim do século 19, o imigrante alemão Charles Feltman começou a vender salsichas dentro do pão em Nova York, nos Estados Unidos.

 

Dicas legais

Dê uma chance para os alimentos que não gosta e tente experimentá-los. Aliás, você pode conhecer sabores novos brincando em casa. Uma pessoa fica de olhos fechados enquanto prova alguns alimentos (frutas, por exemplo) e tem de descobrir o que é. Peça a ajuda de um adulto.

Esqueça a TV e o computador na hora das refeições, esse momento é um dos mais importantes para todos em casa. Você pode aproveitá-lo para contar como foi seu dia. Pesquisas mostram que quem come sempre junto à família alimenta-se bem, é mais feliz e vai melhor na escola.

Você pode torcer o nariz, mas não dá para comer quando quiser. Há hora certa para fazer as refeições que devem ser sempre no mesmo horário.

Para conhecer melhor os alimentos, peça para ajudar sua família a preparar a comida. Lógico que não poderá mexer com fogo ou faca, mas sempre há algo para fazer.

 

Consultoria de José Augusto Taddei, nutrólogo e professor de Pediatria da Unifesp

Confira no www.blogdiarinho.blogspot.com as dicas das nutricionistas Maiara Nazarin Silva e Társia Tórmena, da Unifesp




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