Turismo Titulo
Reino Unido a dois
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
12/05/2011 | 07:00
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Em 1981, a região inglesa de Hampshire e a Escócia foram palco da lua de mel do Príncipe Charles com Diana. Embora William e Kate tenham escolhido Seychelles para finalmente curtir uma folga a dois, bem longe dos holofotes da imprensa, isso não significa que a Grã-Bretanha careça de pontos românticos. Muito pelo contrário: cenários idílicos e recantos reservados não faltam para estimular a paixão com toda a privacidade.

A começar pelas ilhas de Scilly, a 45 quilômetros da costa da Cornualha, no Oceano Atlântico. O acesso não é dos mais fáceis: só se chega de barco ou em transporte aéreo. Em compensação, a paisagem é inspiradora. A última vez que William passou férias lá foi em 1989, com seus pais e o irmão Harry.

O arquipélago abrange cinco ilhas habitadas e várias outras desertas - o que reforça o clima de exclusividade. Como testemunhas, apenas papagaios-do-mar, tubarões-frade, gansos, baleias e outras espécies da fauna marinha. Castelos protegidos por gigantescas fortalezas e passeios a cavalo pela praia completam o menu de atrações locais.

Para quem tem bala na agulha, vale reservar ao menos uma noite na ilha de St. Mary para se hospedar no Star Castle Hotel, castelo erguido durante o reinado de Elizabeth I para proteger o arquipélago de possíveis invasores. Considerando a serventia para a qual foi construído, não é de se estranhar que a vista para o mar e para as outras ilhas seja privilegiada, sob todos os ângulos. Durante a primavera, as diárias giram em torno de 124 libras por pessoa (R$ 325), com café da manhã e jantar incluídos.

 

ESCÓCIA

A ilha de Eriska, na Escócia, também não fica atrás de Scilly. Situado 19 quilômetros ao Norte da vila portuária de Oban e invadido por nórdicos no século 10, o lugar é garantia de privacidade. Neste caso, os únicos olhares voltados ao casal real partiriam de texugos, lontras, veados e aves marinhas. Com 170 libras (R$ 446) por pessoa, é possível hospedar-se no Hotel e Spa Ilha de Eriska, incluindo café da manhã a jantar.

Outro ponto apaixonante na Escócia é o Castelo Inverlochy, situado aos pés do Ben Nevis, a montanha mais alta da Grã-Bretanha. Em setembro de 1873, a rainha Vitória passou uma semana hospedada ali. Gastou os dias dedicando-se a dois grandes hobbies: pintar e desenhar, e anotou em seu diário: "Nunca vi um lugar mais romântico e adorável que este".

A boa notícia é que, em 1969, a imponente residência particular foi transformada em hotel, um dos melhores da Escócia, com 17 aposentos pra lá de acolhedores.

 

INGLATERRA

Em solo inglês, a dica do Visit Britain para uma lua de mel cheia de romantismo atende pelo nome de Peak District. A área não só inspirou Jane Austen a escrever Orgulho e Preconceito como arranca suspiros até hoje de quem visita a região a dois para conferir as badalação dos pubs rurais, a natureza do primeiro parque nacional da Grã-Bretanha e os festivais que embalam o distrito durante o verão.

Para os romanos, Vênus é a deusa do amor e da beleza. Por isso, não deixe de dar uma esticadinha até o belo Jardim de Vênus do Castelo Bolsover, erguido no topo de uma colina com bancos de dois lugares, estátuas e um chafariz.

Aos que preferem praias praticamente inabitadas, uma boa opção a poucas horas de Londres é Norfolk. De quebra, os jovens apaixonados ainda podem observar focas e velejar pela costa.

 

GALES

Como nem todo mundo tem o privilégio de manter uma casa real em Gales ou de ser convidado de honra da monarquia britânica, quem for a Anglesey para dar uma espiadinha nas dependências da casa de Kate e William terá de se contentar em ficar hospedado no Lake Country House & Spa para pescar, jogar tênis ou vislumbrar as belíssimas paisagens do parque nacional de Brecon Beacons. A diária custa a partir de 195 libras por casal (R$ 512), com café da manhã. Confira esta e outras opções de hospedagem no quadro ao lado.

 

ONDE FICAR

Bodysgallen Hall & Spa (País de Gales) - Situado em 80 hectares de parque natural, este hotel do século 17 tem vista para o castelo em Conwy, conta com culinária divina, spa e vários chalés espalhados pelos jardins. Site: www.bodysgallen.com.

 

Lake Country House e Spa (Gales) - Está situado ao Norte de Brecon Beacons. As diárias custam a partir de 195 libras para o casal (R$ 512), com café-da-manhã. Site: www.lakecountryhouse.co.uk.

 

Hotel Ilha de Eriska (Escócia) - É uma casa de campo do século 19, transformada em hotel com spa. As diárias custam a partir de 170 libras por pessoa (R$ 446), com café da manhã e jantar. Site: www.eriska-hotel.co.uk.

 

Peacock at Rowsley (Inglaterra) - Hotel de luxo em Peak District. As diárias custam a partir de 155 libras por casal (R$ 407), com café da manhã. Site: www.thepeacockatrowsley.com.

 

Strattons Hotel (Inglaterra) - Fica em Swaffham, uma das cidades de Brecks. É pequeno e isolado. As diárias custam a partir de 155 libras para o casal (R$ 407), com café da manhã. Site: www.strattonshotel.com.

 

No caminho das pedras

 

A monarquia britânica nunca escondeu a predileção por joias de inestimável valor. Príncipe Albert criou peças para a rainha Victoria. A rainha Mary tinha mais de 1.000 tiaras. E Elizabeth II possui um broche que vale nada menos do que 50 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 130 milhões).

Se você também é fissurado em preciosidades e correu à 25 de Março para comprar um anel azul igual ao que brilhava no dedo de Kate durante o anúncio do noivado, comece o roteiro das joias reais explorando a cidade de Clogau Gold, no País de Gales, terra do cobiçado ouro vermelho usado na confecção das alianças de casamento da rainha-mãe em 1923, da princesa Diana e da duquesa da Cornualha.

Desde 1998, o ouro vermelho já não é mais extraído da reserva. Mesmo assim, a rainha Elizabeth II foi presenteada com um quilo de ouro em seu aniversário de 60 anos. Estima-se que o estoque de joias feitas com ouro galês deva se esgotar em 2016. Mas ainda é possível participar de excursões subterrâneas de uma hora na mina de Dolaucothi, ao Sul de Gales, entre os meses de abril e outubro.

Na Escócia, o caminho das pedras leva até o emblemático Castelo de Edimburgo, onde estão guardadas as insígnias mais antigas do Reino Unido: o cetro, a espada e a coroa escocesa que adornaram Mary Stuart, a Rainha dos Escoceses, durante sua coroação em 1543, quando contava apenas seis meses de vida. A visita ao castelo, incluindo a cobiçada Sala da Coroa, custa 12 libras para adultos (R$ 31,50), 6,50 libras para crianças (R$ 17) e é gratuita a menores de 5 anos.

Em Londres, a trilha das joias reais conduz ao maior cartão-postal da capital inglesa: a Torre do Relógio com o famoso sino do Big Ben. Até quem não liga muito para ouro e pedras preciosas se diverte com o passeio. Os visitantes são transportados em uma esteira rolante na sala subterrânea da Casa de Joias, passando ao lado de peças reluzentes e insígnias com séculos de história. Sim. Muito mais do que dinheiro, as joias reais representam importantes fatos do passado de reis e rainhas, e por várias vezes envolveram os monarcas em situações difíceis... A coroa do rei John, por exemplo, afundou durante a travessia de Wash. A de Charles I foi confiscada por Oliver Cromwell para ser derretida. A substituta de Charles II foi roubada pelo infame coronel Thomas Blood, que entortou a relíquia para escondê-la em seu casaco antes de ser capturado e misteriosamente perdoado pelo rei, disseminando centenas de teorias de conspiração. A entrada na Torre do Relógio, já incluindo a visita à Casa das Joias, custa 18,70 libras (R$ 50) para adultos e 10,45 (R$ 28) para menores de 16 anos.

O brilhante roteiro prossegue por algumas joalherias de Londres, como a Garrard, na Mayfair, designada pela rainha Victoria como a joalheria oficial da Coroa, e a Asprey, na Bond Street, que também conquistou uma garantia real do príncipe de Gales ao confeccionar a coleção de ouro no ano da coroação, em 1953.

Birmingham, por sua vez, abriga o Bairro das Joalherias, responsável pela produção de 40% das joias do Reino Unido, além de uma fábrica-museu que realiza visitas guiadas gratuitas de terça a sábado. É neste bairro que ocorre todos os anos, de novembro a janeiro, o Brilliantly Birmingham - Festival Internacional de Joias Contemporâneas.

Mas nenhum local é tão reluzente quanto o Salão dos Ourives, na Gresham Street, que mantém a mesma sede desde 1339. É lá que são realizadas as reuniões da Worshipful Company of Goldsmiths (www.thegoldsmiths.co.uk), considerada uma das 12 grandes confrarias do mundo.

O símbolo da cabeça de um leopardo foi concedido em estatuto real pelo rei Edward I, em 1300. Naquela época, todos os metais preciosos tinham de ser testados e marcados com a expressão "marca do salão" como forma de garantir o seu autêntico valor. E ai de quem tentasse piratear a marca: o ourives acusado de falsificação era humilhado em um primeiro delito. Em caso de reincidência, poderia ter o braço ou outros membros amputados e até ser condenado à morte. Se a moda pegasse na 25 de Março, faltariam braços para vender réplicas do anel de noivado de Kate.




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