Política Titulo Mauá
Apesar de ceder água à Sabesp, Atila mantém valores na Sama

Prefeitura de Mauá entregou à estatal serviços de abastecimento, mas estima orçamento igual para autarquia municipal para 2021

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
02/10/2020 | 00:01
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O governo do prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), candidato à reeleição, manteve o orçamento da Sama (Saneamento e Serviços do Município de Mauá) para o ano que vem exatamente no mesmo patamar que o do exercício atual, a despeito de a autarquia ter transferido sua principal atividade, o abastecimento de água na cidade, à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

A peça orçamentária enviada pela gestão Atila à Câmara na quarta-feira prevê que o volume de recursos a ser destinado à Sama (antes denominada Saneamento Básico do Município de Mauá) durante o ano que vem seja de R$ 79,2 milhões, exatamente o mesmo valor destinado para este exercício, quando a autarquia ainda teve mais atribuições e até mais funcionários. Além da transferência dos serviços de distribuição de água, a concessão à Sabesp viabilizou abertura de PDV (Plano de Demissão Voluntária) para os servidores da autarquia, que está em andamento.

Após a entrega dos serviços ao governo paulista, a gestão Atila redesenhou o papel da Sama, atribuindo à autarquia a gestão dos serviços de limpeza urbana, habitação e de iluminação pública, bem como o gerenciamento de eventuais contratos com terceirizados nesses setores. A reestruturação administrativa foi aprovada pelo Legislativo mauaense no mês passado. Contudo, o principal discurso do governo Atila para assinar acordo com a Sabesp mirava no fim do passivo bilionário com a estatal – será amortizado ao longo dos 40 anos de concessão – e, inclusive, enxugamento da máquina e economia de recursos. Por outro lado, no curso do contrato, a estatal se compromete a investir R$ 332 milhões.

Mantida mesmo após o contrato com a Sabesp, a Sama sempre teve papel político estratégico na negociação entre o governo e seus aliados. A ascensão política de Atila, inclusive, passou pela superintendência da autarquia entre 2013 e 2014. Foi durante esse período que o socialista promoveu ações populistas à frente da autarquia e pavimentou sua candidatura vitoriosa a deputado estadual, em 2014. Dois anos depois, foi eleito prefeito. Em anos anteriores, a Sama também serviu de moeda de troca para acordo político entre os ex-prefeitos Oswaldo Dias (PT) e Diniz Lopes, que comandou a autarquia durante a última passagem do petista pelo Paço (2009-2012).

Atualmente, a Sama é comandada por José Francisco Jacinto, o Icão. Ele foi escalado por Atila para a superintendência a fim de que a nomeação amarrasse o apoio do ex-vereador oposicionista Chiquinho do Zaíra (Avante), de quem Icão foi assessor. O parlamentar disputa a reeleição no arco de alianças de Atila. O mesmo Chiquinho foi alçado à cúpula da Sama em 2007 pelo então prefeito Leonel Damo. A indicação também visava o enfraquecimento da oposição ao governo. A aliança durou e Chiquinho foi indicado por Leonel como candidato à sucessão no ano seguinte – perdeu para Oswaldo.

EFEITO CONTRÁRIO
Se a Sama, que perdeu atribuições e ganhou outras, teve o orçamento mantido para o ano que vem, a Secretaria de Serviços Urbanos foi turbinada financeiramente em 11,6%. A pasta, que também reduzirá sua atuação, como a limpeza urbana - será justamente absorvida pela nova Sama - terá sua receita aumentada de R$ 79,3 milhões para R$ 88,2 milhões no ano que vem.

Questionado pelo Diário sobre o assunto, o Paço de Mauá não se manifestou. Colaborou Raphael Rocha 




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