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Qualidade de vida

Outro dia a garotada das escolas foi desafiada a escrever sobre qualidade de vida...

Rodolfo de Souza
28/09/2014 | 07:00
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Outro dia a garotada das escolas foi desafiada a escrever sobre qualidade de vida. Assunto um tanto extenso que sempre dá margem a muita discussão, embora deva admitir que entusiasmo, ultimamente, é artigo em falta quando se trata de discorrer sobre este ou qualquer outro tema. Entretanto, inquieto como sou, fiquei instigado a botar um pouco de lenha na fogueira estudantil. Claro que no momento oportuno.

Muito se falou, nas redações, sobre alimentação, transporte, segurança, itens, enfim, debatidos exaustivamente pela mídia e que a política, astutamente, usa como plataforma de campanha.

Uma vez de posse da palavra, então, procurei abordar o tema, já que muito me compele expor algumas ideias às mentes ainda verdes, cuja visão de mundo anda meio turvada pelo parco conhecimento.

Propus que refletíssemos sobre o quanto é maravilhoso se saber donos do privilégio ímpar de viver numa montanha encantada onde tudo é felicidade, bem distante daqueles que padecem nos porões da Terra, tristes lugares em que as doenças dizimam a população.

Foram fisgados os alunos: em dado instante, alguém indagou contrariado acerca dos problemas que se enfrenta aqui também, em meio a esta atmosfera mística de bem-estar, futebol e novela. Alertou-me para a necessidade premente de se efetuar alguns reparos na casa para que o povo, de sorriso banguelo, possa habitá-la com orgulho de ser o feliz proprietário de uma terra abençoada por Deus e livre de tanta desgraça que se vê por aí.

Dediquei-lhe, pois, todo meu apreço pela observação bastante pertinente, ainda que fosse obrigado a esclarecer ao jovem atencioso e aos demais que, a despeito da necessidade de muitas reformas debaixo dessa imensa e esburacada lona verde amarela, a Educação é certamente a área que pede mais urgência por ser a mais importante.

Alguns dos presentes, um tanto indignados com o que acabavam de ouvir, não se contiveram e protestaram veementes pela negligência dedicada aos outros setores essenciais.

Procurei acalmá-los, escancarando para eles a realidade sobre a qual depositamos nossos traseiros, em conformismo mórbido. Armei-me, para tanto, de argumento incontestável e expliquei-lhes que uma reforma substancial na educação modificaria, ainda que a longo prazo, a cara deste país de fadas. Logicamente que me refiro a uma reforma de verdade, não essa de mentirinha que propõem os candidatos para quem o período integral na escola é solução para todos os males do planeta. Discurso, aliás, elaborado com muito carinho para seduzir o eleitor e roubar-lhe o voto.

Uma reforma séria, pois, é do que precisa a Educação, não disso aí, proposta indecorosa de gente que aspira cargo importante no governo e cujos interesses sinistros procuram reduzir cada vez mais o campo de visão do povo. Um ensino de gente grande é, pois, o único meio de proporcionar-lhe condições de modificar-se e modificar.

O homem, enquanto ser desnutrido do alimento intelectual, é assim, sempre sujeito aos piores serviços que o poder público se caba de lhe oferecer.

Uma vez educada, porém, esta população passará a conquistar pela força do olhar crítico, da postura e da atitude serviços de qualidade que seus governantes se desdobrarão para realizar, uma vez que representarão (como deveria ser) um povo que sabe. Até remédios para controlar e, por fim, erradicar a doença da corrupção, o conhecimento por certo há de trazer.

Veem como é simples?!

Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. É professor e autor do blog cafeecronicas.wordpress.com

E-mail para esta coluna: souza.rodolfo@hotmail.com 




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