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Comércio otimista, mesmo com fim do IPI
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02/02/2010 | 07:00
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O fim da desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados ) para os eletrodomésticos de linha branca deverá ter efeitos reduzidos sobre os resultados das vendas do comércio varejista e da inflação em 2010, segundo analistas.

Os incentivos fiscais para estes produtos, em vigor desde a segunda quinzena de abril do ano passado com duas prorrogações, terminaram no dia 31, após ter gerado impactos importantes no varejo e nos índices de preço em 2009.

O chefe do departamento de economia da CNC (Confederação Nacional do Comércio), Carlos Thadeu de Freitas, acredita que as vendas de eletrodomésticos (geladeira, fogão, máquina de lavar e tanquinho eram beneficiadas com a desoneração) poderão ser afetadas pelo fim da redução do IPI, sobretudo no Dia das Mães.

"Mas vai ser um impacto pontual, que não deve alterar o resultado do ano", acredita. Ele avalia também que as promoções nas lojas vão diminuir ou desaparecer com o fim dos incentivos. Mas esclarece que a trajetória dos juros e do dólar é que será determinante para o desempenho do varejo.

No que diz respeito à inflação, Thadeu de Freitas também acredita que o fim da deflação nos preços dos eletrodomésticos registrada no ano passado não vai comprometer o resultado final do IPCA em 2010, que para ele permanecerá na meta de 4,5%. "O quadro para a inflação em 2010 permanece inalterado até o momento", prevê.

Segundo os últimos dados da pesquisa mensal de comércio do IBGE, relativos a novembro de 2009, as vendas de móveis e eletrodomésticos dispararam de variação de 1,1% em outubro ante setembro para alta de 5,9% em novembro em relação ao mês anterior.

Na comparação com igual mês do ano passado, o resultado passou de 3,5% em outubro para 13,9% em novembro. A aceleração no crescimento foi atribuída pelos técnicos do instituto aos incentivos fiscais concedidos pelo governo, que teriam levado à antecipação das compras de Natal.

A redução do IPI para os produtos de linha branca também teve impacto na inflação oficial (IPCA) em 2009. O item eletrodomésticos registrou deflação de 4,85% no ano - ante alta de 0,23% apurada no ano anterior.

O economista da Fecomercio-RJ, Christian Travassos, comenta que haverá efeito negativo, mas avalia que o aquecimento da economia, com crescimento da demanda, poderá amenizar esses impactos. "Acreditamos que haverá ajuste nas vendas, mas não será tão profundo por causa da retomada do crescimento econômico." Segundo ele, o comércio ainda tem cerca de 40 dias com estoques sob efeito da desoneração.

Preços devem ficar inalterados até o fim deste mês

Os preços dos produtos devem permanecer inalterados até o fim de fevereiro. A previsão é do vice-presidente da rede de lojas de eletrodomésticos Ricardo Eletro, Rodrigo Nunes, que disse que os estoques estão elevados e deverão ajudar a manter os preços.

Ele explicou que, com a perspectiva de fim do incentivo, a rede elevou as compras das fábricas na semana passada, ainda com os preços antigos. Mas adiantou que não pode garantir que os preços permanecerão inalterados a partir de março.

Nunes disse que a redução do IPI teve efeito muito importante nas vendas da Ricardo Eletro no ano passado, isso porque o crédito "já está dado" para os consumidores, que acabam vendo no preço o diferencial para a escolha do bem a ser adquirido.

Segundo ele, o fim dos incentivos não reduziu o otimismo para o desempenho das vendas em 2010, já que a realização da Copa do Mundo deverá aumentar a demanda por aparelhos de TV e o mercado de trabalho aquecido também ajudará a manter o consumo em alta.

Travassos ressalta o efeito importante que a redução do IPI teve sobre a decisão de compras dos consumidores no ano passado.

PESQUISA - Estudo realizado pela Fecomercio-RJ em dezembro de 2009 mostra que 49,8% dos consumidores da Grande Rio tinham consumido bens de consumo duráveis nos últimos seis meses, ante percentual de 41,1% em dezembro de 2008. Os que tinham comprado geladeiras subiram para 13,9%, contra 8,4% em dezembro do ano anterior.

Ainda de acordo com Travassos, a expectativa de nova prorrogação da redução do IPI também estava influenciando as decisões futuras dos consumidores. Pesquisa da instituição em âmbito nacional, também realizada em dezembro de 2009, mostrou que 20% dos entrevistados pretendiam comprar bens de consumo duráveis nos próximos três meses, ante 16% em dezembro de 2008.




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