Para lançar um livro, um escritor iniciante pode pagar a impressão do próprio bolso. Cem cópias de uma obra simples de 132 páginas não sairiam por menos de R$ 2.500 em uma empresa especializada. Conhecendo pessoas e editoras certas, a publicação pode ser gratuita.

A diretora editorial da Babilonia Cultura Editorial, Michelle Strzoda, acredita que nunca esteve tão fácil para os autores venderem uma obra, assim como é a época mais difícil para os profissionais do setor trabalharem: recebem muita coisa.

Segundo levantamento feito pela Câmara Brasileira do Livro, em 2011 a produção de novas obras foi 10% maior do que no ano anterior. E chegou à marca de 20.405 novos títulos.

A estudante de Ciências Sociais Livia Xavier tomou gosto pela poesia aos 11 anos, após ler "Estrela da Vida Inteira", obra de Manuel Bandeira. Em casa, ela guarda o original de "Caos Calmo", uma coletânea de 50 poemas críticos à sociedade feitos por ela. Até agora ela não foi atrás de uma editora, pois tem "desesperança" de que uma empresa se interesse pelo gênero.

A Patuá Editora tem menos de dois anos de vida e 60 títulos publicados. No começo da empreitada, o editor e sócio Eduardo Lacerda procurava alguns autores pela internet.

Hoje, ele recebe em média 100 originais por mês, dos quais costuma publicar apenas quatro. Frequentador da Casa da Palavra, em Santo André, Lacerda crê que a demanda poderia ser maior. "Dos que chegam, poderíamos publicar de dez a15 obras sem comprometer a qualidade da editora e das publicações."

Para Michelle, o original que as editoras recebem não são propriamente um livro. "É um projeto que irá ser moldado. Os livros não são feitos individualmente, são frutos de trabalho coletivo", conta.

O historiador Eric Ferreira Dantas mandou o original de "9 Contos de Abril", com dedicatória a Diadema, para cerca de cinco publicadoras. Só obteve resposta positiva após seis meses, pela Editora Patuá, que arcou com a diagramação, edição e inscrição na Biblioteca Nacional. Para outros trabalhos que ele tem em casa, o envio de originais foi para cerca de 50 editoras. Nenhuma resposta até agora. A dica de Lacerda é em relação ao que mais o preocupa nos jovens romancistas e poetas. "O escritor deveria ler mais", recomenda.

DINHEIRO
Nem sempre os autores saem no lucro financeiro. A monetização depende do contrato firmado entre quem escreveu e a empresa que fez o livro virar mercadoria. "Depois dos 100 primeiros exemplares, damos uma porcentagem ao autor, que pode chegar a 10% do valor vendido", revela Lacerda.

Michelle conta que há casos de livros reescritos por inteiro, pois, em muitas ocasiões, a história tem essência, enredo e argumentos válidos. Outro segredo revelado por ela é para os escritores não repetirem fórmulas e assuntos. Um ineditismo de tema e ideias sempre é visto com bons olhos.

BOLSA CONTEÚDO
Existem várias leis e programas de incentivo à literatura. O ProAc, do governo do Estado de São Paulo, oferece bolsas de R$ 10 mil para criação literária, histórias em quadrinhos, entre outras. Inscrições vão até amanhã. O edital está disponível em www.cultura.sp.gov.br/CF. Já o Programa Petrobras Cultural incentiva a produção de poesia e ficção. Bolsa de R$ 60 mil por projeto. Inscrições até 31 de outubro no site ppc.petrobras.com.br.    



PARA ONDE MANDAR
Tem originais? Escolha algumas editoras com publicações semelhantes ao seu trabalho:
Babilonia Cultura Editorial - Literatura, livros-reportagens, entre outros. contato@babiloniaeditorial.com.br
Editora Patuá - Obras em poesia e prosa de autores contemporâneos. editorapatua@editorapatua.com.br
Editora Jabuticaba - Publicações com temas femininos. viviane@editorajaboticaba.com.br
Editora Multifoco - Diversos assuntos. www.editoramultifoco.com.br/literatura-participar
Editora All Print - Publicações pagas sobre vários temas. Tel.: 2478-3413