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Grande ABC tem queda na
taxa de mortalidade infantil

São Bernardo registra maior redução e São Caetano mantém
o melhor índice da região; redução nas cidades foi de 10,6%

Por Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
04/09/2012 | 07:00
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A taxa de mortalidade infantil no Grande ABC caiu de 13,1 para 11,7 entre 2010 e o ano passado. A redução foi de 10,6%. O índice é referente ao número de mortes de crianças com até 1 ano para cada 1.000 bebês nascidos vivos. Os dados regionais acompanham a média do Estado, de 11,5. O balanço foi divulgado ontem pela Secretaria Estadual da Saúde e a Fundação Seade.

Santo André e Diadema foram as únicas cidades da região a registrarem aumento na taxa. São Bernardo teve a maior queda (26,8%) no período e alcançou menor nível da história. A taxa despencou de 13,4 para 9,8.

O secretário de Saúde do município, Arthur Chioro, divide a conquista com a rede privada, que colaborou nos esforços. Responsáveis das áreas técnicas de hospitais particulares participaram de reuniões com representantes da rede municipal de Saúde e acompanharam a destinação de recurso para melhorias. "Aprendemos com os óbitos e colocamos todos os profissionais em alerta. Foi esforço coletivo. Em 2011, a rede privada fez 1.000 partos a mais que a rede pública. Não adiantaria fazer ‘meio' investimento", explicou.

Entre as estratégias adotadas na rede pública, o secretário destaca a ampliação do PSF (Programa Saúde da Família), que monitora a saúde de moradores em domicílios por meio de agentes comunitários. Além disso, em 2011, o pronto-socorro obstétrico do PS Central, que funcionava de forma precária, foi transferido para o Hospital Municipal Universitário, no Rudge Ramos.

Em segundo lugar no ranking de evolução está Mauá. A cidade conquistou queda no índice de 17,4 para 14,1. De acordo com a Prefeitura, assim como em São Bernardo, houve ampliação do PSF, que ajuda a vigiar a saúde de gestantes e acompanhar pré-natais. A parceria com a Fundação do ABC, que administra o Hospital Nardini, também foi fundamental. Além disso, foi criado o Centro de Referência da Mulher, Criança e Adolescente, que monitora as gestações de alto risco e oferece assistência às mães e bebês.

SÃO CAETANO

São Caetano se manteve com o melhor índice do Grande ABC e da Região Metropolitana, que abrange 39 municípios. A redução, dessa vez, foi de 7,7 para 6,9. A coordenadora da UTI Neonatal do Hospital Municipal Infantil Márcia Braido destaca o acompanhamento da saúde dos prematuros. "Não adianta tirar o bebê da internação, mandar para casa e não dar assistência depois. A morbidade é alta. Não podemos relaxar", explica Paula Venturini.

Na Casa da Gestante, fisioterapeutas e fonoaudiólogos dão assistência e o cuidado é intensificado após a mãe dar à luz. Isso porque, no geral, a maioria das mortes ocorre nos primeiros 28 dias de vida.

Estado reduz índice em 31% no período de 11 anos 

O Estado alcançou o menor índice de mortalidade infantil da história. Em 2000, a taxa era de 16,9 mortes para cada 1.000 bebês nascidos vivos. No ano passado, o número caiu para 11,5. A redução alcançada é de 31%.

O balanço foi divulgado ontem pela Fundação Seade e a Secretaria Estadual da Saúde. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que participou do anúncio no IC (Instituto da Criança), no Hospital das Clínicas, comemorou o dado e projetou metas. "Alcançamos o índice graças ao investimento em pré-natal, atendimento ao parto e principalmente às melhorias nas UTIs neonatais de todo Estado." Segundo Alckmin, o objetivo é alcançar taxa de um dígito e, a partir daí, reduzir progressivamente o número de mortes.

Dos 645 municípios paulistas, 322 apresentaram em 2011 índices de mortalidade infantil inferior a dois dígitos, comparável a países desenvolvidos. Nenhuma região do Estado apresentou índice superior a 16,8.EM

PROGRAMA

Em paralelo às ações desenvolvidas por municípios, o Estado lançou ontem o programa Diagnóstico Amigo da Criança, que visa garantir precisão máxima nos exames e reduzir os riscos e exposições aos bebês. O projeto foi implantado no Instituto da Criança, no Hospital das Clínicas, e irá se expandir gradativamente aos hospitais do Estado. O primeiro objetivo é reduzir em 75% o volume de sangue coletado para análises laboratoriais e evitar, principalmente, a ocorrência de transfusões. Além disso, o projeto prioriza o uso de radiação em níveis mínimos para combater riscos futuros causados pela ionização, como o surgimento de câncer.

O novo aparelho de tomografia, que custou R$ 1,2 milhão, reduz em até 70% a exposição de crianças à radiação. O IC realiza mensalmente cerca de 6.400 consultas ambulatoriais.

Santo André contesta dados e rebate aumento da taxa

De acordo com o balanço anunciado pela Secretaria Estadual da Saúde e a Fundação Seade, Santo André é a cidade do Grande ABC que registrou maior crescimento da taxa de mortalidade infantil. O índice subiu de 11,1 para 12,2.

A Prefeitura contestou os dados. Segundo a Secretaria de Saúde, o número referente ao ano passado é de 11,9. A administração atribuiu o acréscimo às gestantes usuárias de drogas atendidas pela rede. Cerca de 7% das crianças que morreram eram filhas de usuárias de entorpecentes. A Prefeitura explicou que "o uso de drogas em mulheres em idade fértil vem aumentando e isso tem repercussão negativa na criança."

O município dará continuidade às atividades que já estão em andamento no Hospital da Mulher, como cursos de gestantes às mulheres e pré-natal do homem, que busca reduzir transmissão de infecções.

Nas demais cidades da região os índices de mortalidade tiveram poucas alterações (veja na tabela acima).




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