Diarinho Titulo Exposição
No mundo da Amazônia

Exposição na Capital mostra como é a vida na
maior floresta tropical do planeta

Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
12/01/2014 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Na Amazônia não há só animais e mata. Cerca de 25 milhões de brasileiros habitam o território; desses, 4 milhões são índios e ribeirinhos (que moram perto dos rios). No Brasil, a floresta ocupa a região Norte e parte do Nordeste e Centro-Oeste, além de áreas do Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.

Passear pela maior floresta tropical do mundo, aliás, não é garantia de ver bichos. São eles que, escondidos, nos observam pela vegetação. A gente descobre isso e mais na exposição Amazônia Mundi, em cartaz no Sesc Itaquera, em Sampa.

A mostra revela curiosidades sobre a população, cultura, fauna, flora, problemas causados pelo homem e o que pode ser feito para preservar a floresta.

Pedro Henrique Ferreira, 10 anos, de São Paulo, aproveitou as férias para conferir a exposição com a avó. “Tem muita coisa para conhecer, além de conscientizar a não destruir a mata nem capturar animais.” Ele curtiu pegar sementes típicas da Amazônia. “Gosto de açaí, mas nunca tinha visto (o fruto).”

A mostra ocupa cerca de 1.200 m² da unidade. Na área externa, uma vila amazônica é representada. Mas a maior parte da exposição fica no galpão, cuja entrada é feita por túnel escuro. Dá para se imaginar na mata à noite, ouvindo o som da bicharada e admirar o céu estrelado. Ao descer rampa, a gente chega à grande área dividida em ambientes; não há sequência certa para conhecê-los.

Amazônia Mundi – Sesc Itaquera (Av. Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1.000, tel.: 2523-9200), em Sampa. De quarta a domingo e feriados, das 9h30 às 16h30. Entrada para a unidade: R$ 1 a R$ 7. Até 10 de maio de 2015.


Muitos produtos vêm da mata

Descobrir que muitas coisas são fabricadas com matérias-primas da Amazônia chamou a atenção de Sofia Carvalho, 11 anos, de São Paulo. “Não conhecia como a farinha de mandioca era feita. Achei curioso.”

Na exposição, os visitantes conferem a produção artesanal da farinha, desenvolvida por famílias da região amazônica. Também aprendem sobre o látex, seiva extraída da árvore seringueira usada na fabricação da borracha. O material está em mais de 40 mil produtos, como bolsas, pneus e luvas.
A partir de folhas, sementes, cascas e raízes são feitos cosméticos e produtos de higiene. A floresta é ainda considerada a maior reserva de plantas medicinais, com mais de 650 espécies. O óleo das árvores andiroba e copaíba, por exemplo, é usado como repelente natural, cicatrizante e anti-inflamatório.


Índios têm costumes diferentes

As tribos indígenas têm hábitos e modos de pensar diferentes. Assim como outras civilizações antigas, desenvolveram grande parte do conhecimento a partir da observação do céu.

Muitas etnias do País chamam a Via Láctea de Caminho de Anta. Conhecer as estrelas, fases da lua e estações do ano ajuda os índios a saber o melhor período para plantar, colher, pescar e caçar.

Na exposição, o céu da Amazônia é reproduzido em ambiente escuro. Para tribos, como a Tukano, as constelações representam formas de animais.

Os irmãos Erick, 6 anos, e Vinicius Silva, 4, de São Paulo, curtiram a atração. Não sabiam que os índios enxergam desenhos de bichos no céu. “Também nunca tinha visto uma oca”, diz Vinicius. “Eles têm costumes diferentes. Vivem perto dos animais e cuidam da natureza”, fala Erick.


Árvore chama atenção para a importância da preservação

Uma árvore cenográfica, representando a espécie samaúma, chama a atenção dos visitantes e ajuda a explicar as dificuldades enfrentadas pela floresta hoje. Em volta dela há miniaturas de animais.

Na natureza, a samaúma mede até 70 m de altura, e suas grandes copas podem ser vistas de longe. Também impressiona descobrir que nela podem ser encontradas outras espécies de plantas, como samambaias e bromélias, e que serve como lar e alimento para vários bichos.

Agora, imagine o problema causado quando essa árvore é derrubada na mata. Já pensou em quantos outros vegetais e animais são afetados? A samaúma não é a única que sofre com o desmatamento na Amazônia.

Lucca Carvalho, 12 anos, de São Paulo, acredita que as pessoas precisam conhecer melhor a floresta. “Se soubessem como ela é fundamental para o mundo talvez valorizassem e preservassem mais.”


Confira os destaques

Barracão comunitário representa o espaço de convivência e trabalho de comunidades da Amazônia. É formado ainda por três ambientes que mostram a importância da farinha, da borracha e dos cosméticos feitos por lá. O barracão é coberto com folhas da pupunha, palmeira típica da região.

A oca da exposição foi feita por 12 índios da etnia Wayana, que vieram do Amapá para São Paulo. Na tribo, o espaço é usado para celebrações. Após a construção, realizam ritual com danças em que a palha que cobre a oca é cortada; antes disso, ela chega até o chão. No teto há roda de madeira decorada com símbolos indígenas.

Muitas moradias na Amazônia são construídas perto dos rios. A exposição revela como as famílias vivem em casas de madeira, além de objetos usados no dia a dia. Ao invés de carros, os barcos servem como meio de transporte na região. Quando passamos por esse espaço na mostra, dá para imaginar como deve ser tranquilo morar lá.

Insetos da Amazônia são exibidos na mostra. Eles fazem parte da coleção de invertebrados (borboletas, besouros, mosquitos, moscas, entre outros), iniciada há mais de 40 anos, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia). Os cientistas já descobriram cerca de 180 mil espécies de insetos na região, que abriga 25% das borboletas conhecidas.


Consultoria de Deborah Dias Matos, agente de educação ambiental do Sesc Itaquera.
 




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