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Quem comeu melado

Todo mundo comenta que o PMDB é o grande vitorioso na eleição do Senado e da Câmara e que, agora, apresentará uma conta alta.

Carlos Brickmann
04/02/2009 | 00:00
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Todo mundo comenta que o PMDB é o grande vitorioso na eleição do Senado e da Câmara e que, agora, apresentará uma conta alta. O PMDB apresentará uma conta alta, é certo; mas não é certo dizer que o PMDB é o grande vitorioso no Congresso. Qual PMDB? O PMDB da Câmara é um; o PMDB do Senado, outro.

 Na Câmara, goste-se ou não de Michel Temer, juntam-se os sobreviventes do PMDB histórico, aquele que combateu a ditadura. Temer teve têmpera para sobreviver à tradicional, e quase sempre fatal, hostilidade de Orestes Quércia, o grande cacique do PMDB paulista; hoje, parece até que ambos se entendem bem.

 O PMDB do Senado arregimenta um grupo especial de pessoas: Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá - gente que apóia o Governo Lula, que apoiou o Governo Fernando Henrique, que apoiará o próximo Governo, seja do PT, seja do PSDB, seja de que partido for, desde que garanta sua parte.

 Os dois PMDBs se parecem em muitas coisas: no apetite por cargos, por exemplo. Mas não são o mesmo partido: ninguém de uma ala vai ceder cargos à outra. Os dois PMDBs podem apoiar Lula, Dilma, Serra ou Aécio (ou algum outro candidato que tenha chance de mantê-lo no poder), mas isso não significa que ambos sejam obrigados a apoiar o mesmo candidato. Um pode sair com Serra, outro com Dilma. E há outras alas, suficientes para apoiar diversos candidatos.

 Fernando Henrique, há anos, definia o PMDB como "partido-ônibus", porque carregava todo mundo. Ainda carrega. Mas o transporte nunca é de graça.

SÓ O NOME É O MESMO

Além dos PMDBs federais, que dividiram Câmara e Senado, há vários outros partidos com o mesmo nome. Em São Paulo, por exemplo, há o poderoso PMDB de Quércia, fechado com o prefeito Gilberto Kassab, do DEM, e com o governador José Serra, do PSDB; em Pernambuco, quem comanda o PMDB é Jarbas Vasconcelos, que também apóia Serra. No Rio Grande do Sul, há Eliseu Padilha, que é Sarney e Lula desde criancinha (e foi ministro de Fernando Henrique) mas há também Pedro Simon, que propõe um Governo mais ético. Simon é respeitado no partido, por sua coragem e história de vida, mas ninguém gosta dele.

 A HORA DA CONTA

Renan Calheiros, que comandou a campanha de Sarney no Senado, enfrenta dificuldades para cumprir as promessas. Sabe-se que andou oferecendo o mesmo cargo a vários senadores e partidos. Na disputa pelos cargos, a linguagem baixou de nível: o senador Osmar Dias, do PDT paranaense, diz que venderam seu traseiro e esqueceram de combinar com ele (na verdade, a palavra que usou não foi exatamente "traseiro"). A senadora Patrícia Saboya, do PDT cearense, disse àquele senador cabeludo do PMDB mineiro, Wellington Salgado: "Vá para casa, corte esse cabelo, tome um banho e vê se vira homem".

 AS CASAS CONTRA A CRISE

O presidente Lula anunciou que dentro de poucos dias receberá um plano para a construção de 500 mil casas, em todo o país, com o objetivo de gerar empregos. Lula quer também dar um exemplo aos países ricos. "Há quatro anos ficavam ditando regras. Nós agora vamos dizer para eles: façam o que estamos fazendo que vocês podem recuperar a economia de seu país". A crise mundial começou quando a economia americana não resistiu à bolha imobiliária.

 VALE TUDO

O ataque agora é a um político sério, Roberto Freire, presidente do PPS - com cujas idéias este colunista jamais concordou, mas cuja honestidade não pode ser posta em dúvida. Freire é acusado de receber pagamento por sua participação em dois conselhos da Prefeitura paulistana: Emurb, que cuida de urbanismo, e SPTuris, que cuida de turismo. O pagamento é legal e feito a todos os conselheiros - em São Paulo, em todos os Estados, no Governo Federal. Qual o crime de Roberto Freire - manter o seu PPS, antigo Partido Comunista, afastado do PT?




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