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Um debate, enfim, mas num dia ruim

A campanha tem quase um ano e só agora, finalmente, os candidatos devem se enfrentar, mostrando quem é quem

Por Carlos Brickmann
04/08/2010 | 00:00
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A campanha tem quase um ano e só agora, finalmente, os candidatos devem se enfrentar, mostrando quem é quem. Mas há ainda dois problemas no caminho:

1 - O PSTU,um nanico de ultra-esquerda, com zero vírgula alguma coisa dos votos, quer porque quer participar do debate. Se conseguir uma decisão judicial favorável, o debate se torna inviável: não há como realizá-lo com tantas pessoas à mesa. A culpa não é do PSTU, que luta por direitos que julga legítimos, mas pelos grandes partidos, que sempre adiam a reforma política e mantêm os nanicos, alguns deles de aluguel, em posse de todas as regalias imagináveis;

2 - A data. No momento do debate, e perto dali, Internacional de Porto Alegre e São Paulo disputam jogo importante pela Libertadores. A Rede Bandeirantes e o estádio são-paulino, ambos no Morumbi, dividem o público. O debate, da maior importância para a eleição - é o primeiro dos cinco previstos -, pode ter a audiência afetada pelo jogo. Já são poucos os debates, o horário é tardio, não é tanta gente assim que se interessa pelas diferenças entre os candidatos. Considerando-se que o jogo está marcado há meses, por que não se evitou a coincidência?

É raro que um debate seja dominado por um candidato. Todos são treinados para, como a seleção de Dunga, cuidar antes da defesa e manter a posse da bola. A pesquisa não indica quem venceu ou perdeu: normalmente, o público se divide conforme sua intenção de voto. Mas é bom ver um candidato diante do outro, perguntando e respondendo. E é o início da campanha de verdade, pela TV.

FOCO PIRATA
Adivinhe onde eram vendidas cópias piratas do filme Lula, o filho do Brasil. Não, não dá para adivinhar. No comitê de campanha de Aloízio Mercadante, candidato do PT ao Governo paulista! Segundo Mercadante, "isso é o tipo de coisa que não pode acontecer em hipótese alguma". Não pode, como ele não podia ter voltado à liderança do governo no Senado depois de sua renúncia irrevogável. Mas ele revogou o irrevogável e voltou. Então, o não pode talvez possa.

PERNA CURTA
Como ensinava o jornalista Frederico Branco, tem coisa que pode e tem coisa que não pode. José Serra, por exemplo, não pode ficar proclamando no Twitter seu amor desde criancinha pelo forró. Basta olhar para ele: Serra tem cara de quem gosta de forró, de quem tem samba no pé, de quem sabe o que é sanfona?

DISTÂNCIA DE POVO
Não é por desgostar do povo que Dilma Rousseff tem evitado misturar-se à massa e preferido usar automóvel nas passeatas.

A VÍTIMA É QUE PAGA
Luiz Carlos Pannain, leitor desta coluna, comprou um Ford Fusion novo no fim de 2008. Na hora de renovar o licenciamento, soube que tinha vendido o carro. Não, não tinha; mas, como no seu prontuário havia o registro de venda, não poderia licenciá-lo. Se andasse sem licença, poderia ter o carro apreendido. Nosso leitor foi à luta. Descobriu que "a venda" do carro tinha sido financiada por um grande banco. Ligou para o banco, caiu nos call-centers, desistiu e entrou na Justiça. Ganhou na hora: uma liminar devolveu-lhe todos os direitos sobre o carro, em 21 de dezembro último. Só que o Detran lavou as mãos: disse que o Cadastro Nacional de Gravames, embora público, só é acessível aos bancos. Só banco pode inserir ou retirar anotações. O Detran se cala, o banco não se mexe (talvez espere que o juiz fixe multa diária por não cumprimento de decisão) e o leitor está há quase um ano sem poder usar o carro que comprou e não vendeu.

PEDREIRO RICO
O comprador que não comprou o carro é pedreiro, diz que não comprou nada e que seu nome foi usado por terceiros. O banco diz que, ao dar o financiamento, tomou todas as cautelas - mas esqueceu de pedir o certificado de transferência com reconhecimento de firma autêntico, como é de lei, e não conta como concluiu que um pedreiro pobre poderia comprar um carro caro. Ah, sim, não percam tempo com desmentidos: os documentos estão em poder desta coluna.




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