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De cabeça para baixo

Há 100 anos, o Japão não tinha condições de sustentar sua população.

Por Carlos Brickmann
07/03/2012 | 00:00
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Há 100 anos, o Japão não tinha condições de sustentar sua população. Por isso, estimulou as emigrações (e, por isso, tantos japoneses vieram para o Brasil). Há 67 anos, duas bombas atômicas destruíram Hiroxima e Nagasaqui e o Japão foi ocupado por tropas norte-americanas. Há 50 e poucos anos, produto japonês era famoso por ser malfeito, mal-acabado, pouco durável.

Como é que o Japão mudou, sem fontes de energia, sem recursos naturais? O jornalista Renato Lombardi, sempre competente, manda duas pistas: o salário inicial de um professor de Ensino Fundamental no Japão equivale a R$ 4.000. Professor de escola pública é a 17ª profissão mais bem paga do país.

Já o Brasil, que há 100 anos tinha condições de absorver os imigrantes japoneses, está agora em guerra para não pagar aos professores a fortuna mensal de R$ 1.451. Onze Estados avisaram que não vão pagar o piso de lei.

No Rio Grande do Sul, o governador Tarso Dutra, do PT, ex-ministro da Justiça, ligadíssimo ao atual ministro da Justiça, quer pagar aos professores salários que nem analfabeto hoje aceita: R$ 791. Aluguel, comida, livros? Os professores que se virem. Já Tarso, cuja função certamente não é tão útil quanto a de um professor, recebe quase R$ 30 mil mensais, fora casa, comida e muitas mordomias. E, a julgar pelo que anda dizendo, já faz tempo que não gasta nada de seu salário com livros.

Diziam que os japoneses, do outro lado do mundo, andavam de ponta-cabeça. Aqui, nosso governo não avança nem andando sobre os pés. E veja, são quatro!

PERDOA-ME...

O tucano José Serra disparou nas pesquisas eleitorais em São Paulo - o que não quer dizer muito, tanto tempo antes da eleição, mas tem sua importância. E seus aliados estão dispostos, por ele, a enfrentar qualquer sacrifício, desde que os sacrificados sejam os outros aliados. O governador Alckmin tem planos de tornar o prefeito Gilberto Kassab mais palatável para o PSDB: fritá-lo. Kassab prefere Alckmin avançando rapidamente, de preferência depois de ser empurrado da escada. Ambos se toleram socialmente, mas politicamente a luta é de extermínio.

 ...POR ME TRAÍRES

Alckmin acha que Kassab vai trabalhar contra sua reeleição para o governo, em 2014. Kassab acha que Alckmin quer mesmo apoiar o peemedebista Gabriel Chalita, seu amigo, e não Serra. Aécio acha que Serra vai sabotar sua candidatura presidencial, que Alckmin pretende ser ele mesmo o candidato à Presidência e que Kassab vai aliar-se ao PT, contra ele. Alckmin, Kassab e Aécio têm razão.

TEM O SACI-PERERÊ...

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, conversou com o presidente nacional de seu partido, o PMDB, e concordou em entrar pesado na campanha de Gabriel Chalita para prefeito de São Paulo. Temer e Chalita lhe garantiram apoio em 2014, para que ele seja candidato a governador pelo PMDB. E Skaf acreditou.

 ...TEM A MULA SEM CABEÇA

O senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás, aparece numa investigação da Polícia Federal como amigo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pivô do Mensalão - caso que o DEM, na oposição a Lula, cansou de denunciar. Cachoeira deu de presente de casamento a Demóstenes Torres uma cozinha importada, coisa fina, cara. Demóstenes disse que tinham lhe contado que Carlinhos Cachoeira deixara de ser bicheiro e agora vivia dentro da lei. E Demóstenes acreditou.

GATOS GORDOS

O procurador das Fundações de Brasília, Nelson Faraco, investiga a Assefaz, fundação poderosa e rica dos funcionários do Ministério da Fazenda. Seu patrimônio é de quase R$ 1 bilhão; seu plano de saúde tem 100 mil associados. O foco da investigação é a reforma simultânea de uns 50 clubes e centros de lazer da Assefaz; analisa-se se há ou não superfaturamento. Fala-se na venda de imóveis a preços inferiores aos do mercado, o que também entrou na investigação. Detalhe: o presidente da Assefaz, Hélio Bernardes, é ligado ao senador Gim Argello e ao deputado federal Jovair Arantes, de Goiás. Todos são do PTB.




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