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Lúpus (LES)

Doença inflamatória crônica, de causa desconhecida...

Por Leo Kahn
20/09/2012 | 00:00
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Doença inflamatória crônica, de causa desconhecida. Agentes externos desconhecidos (vírus, bactérias, agentes químicos, radiação ultravioleta) entram em contato com o sistema imune do indivíduo induzindo produção inadequada de anticorpos. Estes anticorpos são dirigidos contra constituintes normais (autoanticorpos) provocando lesões nos tecidos e também alterações nas células sanguíneas. 

Tem evoluções crônicas, caracterizadas por períodos de atividade e remissões (sem manifestações) e sua evolução tem melhorado muito nas últimas décadas. Embora a causa do LES não seja conhecida, admite-se que a interação de fatores genéticos, hormonais, estresse e ambientais participe do desencadeamento desta doença. 

Devemos ter entre 16 mil a 80 mil casos de LES no Brasil. Afeta de dez a 12 vezes mais a mulher em relação ao homem e é mais frequente entre 20 e 45 anos, com maior incidência próxima aos 30 anos. Em relação ao componente genético do lúpus, podemos dizer que embora a doença seja conhecida por ocorrer dentro de famílias, não houve ainda a identificação de gene ou genes responsáveis por ela. É em torno de 10% a 12% o número de pacientes que têm parentes próximos com a doença, e apenas 5% de filhos de pacientes desenvolverão o lúpus.

Existem três tipos da doença. O lúpus discoide é sempre limitado à pele. É identificado por inflamações cutâneas que aparecem na face, nuca e couro cabeludo. Aproximadamente 10% dos casos evoluem para o lúpus sistêmico, que pode afetar quase todos os órgãos ou sistemas do corpo. O lúpus induzido por drogas, como o nome diz, ocorre como consequência do uso de certas drogas ou medicamentos. Os sintomas são muito parecidos com os do lúpus sistêmico. Algumas drogas já foram detectadas como facilitadoras. É o caso, por exemplo, da hidralazina, medicamento para tratamento da hipertensão, ou da procainamida, usada para tratamento de algumas arritmias cardíacas. 

Vale lembrar, entretanto, que nem todas as pessoas que ingerem esses produtos desenvolverão o lúpus, mas apenas pequena porcentagem delas. Isso significa que a imunidade dessas pessoas vulneráveis à doença é mais baixa.

As manifestações clínicas mais frequentes são lesões de pele, dor e inchaço, principalmente nas articulações das mãos. Geralmente são transitórias e recidivantes. Mais raramente podem causar deformidades. Inflamação no rim ocorre em cerca de 50% dos casos. Alterações no sangue podem ocorrer em mais da metade dos pacientes. Quando a doença está ativa, são frequentes queixas de febre sem ter infecção, emagrecimento e fraqueza. 

O reumatologista é o especialista mais indicado para fazer o tratamento e acompanhamento de pacientes com LES, quando necessário, outros especialistas devem fazer o seguimento em conjunto. 

SAIBA MAIS

Alguns dos fatores ambientais que podem despertar a doença são: infecções, medicamentos, exposição a raios ultravioletas e o estresse.

Alguns estudos mostram que 15% das pessoas com doenças crônicas em geral sofrem de transtorno depressivo; outros aumentam esse número para quase 60%. De qualquer forma, é bom ter em mente que, embora seja muito mais comum em portadores de doenças crônicas, como por exemplo, o lúpus, do que no resto da população, nem todos esses doentes vão sofrer de depressão obrigatoriamente.

Mulher em fase de reprodução (crianças e mulheres depois da menopausa também têm lúpus) com dor articular, sensação de estar doente, emagrecimento, urticárias de repetição, queda de cabelo, fenômeno de Raynaud, exames antigos com alterações tipo glóbulos brancos baixos, alterações na urina, anemia não explicada podem ser manifestações de início da doença. 

A pesquisa dos antianticorpos é utilizada para diagnóstico e alguns deles para acompanhamento da doença: FAN (fator antinuclear) é o mais frequente. Antids DNA é sinal de doença ativa e geralmente com doença renal. AntiSm não é muito frequente, mas, quando presente, confirma o diagnóstico. A utilização clínica da presença destes autoanticorpos e de vários outros é extremamente útil. 

Deve ser feita pelo reumatologista, pois não são específicos, isso é, aparecem em mais de uma doença e a combinação da presença de um ou mais autoanticorpos com a clínica é que permite que se chegue a um diagnóstico. 

Para que se faça diagnóstico de lúpus são necessários quatro critérios ou mais. Para utilizarmos pacientes em trabalho de pesquisa devemos seguir à risca a soma dos critérios. Na prática, se tivermos dois ou três critérios fortes como artrite, dermatite e FAN e não encontrarmos outra doença fazemos o diagnóstico e tratamos, pois tratamento eficaz e precoce sempre leva o melhor prognóstico.




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