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Flotação emperra; Alckmin culpa Petrobras por não liberar recurso
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
23/03/2006 | 08:00
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O governador Geraldo Alckmin (PSDB) responsabilizou quarta-feira a Petrobras pela inoperância do processo de despoluição do rio Pinheiros pelo mecanismo de flotação, no qual as águas seriam bombeadas para a represa Billings. A estatal desembolsou R$ 60 milhões para compra e instalação dos equipamentos, que há três anos estão parados no aguardo do início do envio das águas. A iniciativa foi paralisada pela Justiça a pedido do Ministério Público, que exige a realização do EIA-Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental).

O Ministério Público, no entanto, caminhava para um acordo no qual entraria em operação o processo de flotação na condição de teste, que serviria de base para o Eia-Rima. Para isso, são necessários mais R$ 36 milhões. Alckmin disse que, se depender do governo do Estado, o processo começa a operar. Mas ele não afirmou se a administração estadual está disposta a arcar com os gastos. “Por nós, sai (a flotação). O problema é que a Petrobras, que entrou no projeto e o bancou, agora tem uma posição dúbia. No que depender do Estado, sai”, disse na noite de quarta-feira o governador, que esteve em visita à ETE (Escola Técnica Estadual) Júlio de Mesquita, em Santo André.

A declaração de Alckmin foi feita por volta das 20h. A reportagem procurou a Petrobras para comentar a afirmação do governador. Mas, segundo a estatal, não seria possível repassar qualquer informação ao Diário em razão do horário.

Energia – O objetivo do governo é bombear as águas tratadas por flotação do Pinheiros para a Billings, a fim de aumentar o volume da represa e gerar mais energia elétrica na usina Henry Borden, em Cubatão. Hoje, só é permitido o bombeamento das águas poluídas para a represa em casos de enchente em São Paulo; necessidade emergencial de produção de energia; e quando há concentração de espuma química no rio Pirapora, no interior do Estado.

A Justiça proibiu em primeira instância o início do processo de flotação sem que seja apresentado o estudo de impacto ambiental. A administração estadual recorreu e, portanto, o litígio corre em segunda instância.

O sistema de flotação consiste no despejo de produtos químicos em águas poluídas fazendo com que a sujeira fique aglutinada em flocos. Injeções de ar fazem com que os flocos fiquem em suspensão e sejam removidos mecanicamente. O deputado estadual Ricardo Tripoli foi o idealizador do projeto na época em que era secretário estadual do Meio Ambiente.

O promotor do Meio Ambiente Geraldo Rangel de França Neto, responsável pela ação que impede a flotação, diz que provavelmente substâncias cancerígenas seriam jogadas na Billings no procedimento. “Isso piora a qualidade do corpo da represa. Gera risco de contaminação para quem entra na água para nadar. Se essas substâncias entrarem na estação de tratamento, podem ir para os consumidores da água. Por isso, é imprescindível ter conhecimento aprofundado da Billings para se adotar políticas de uso da água”, diz o promotor. O braço Rio Grande da Billings abastece cerca de 1,2 milhão de pessoas das cidades de Diadema, São Bernardo e parte de Santo André.



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