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Identificação de americanos termina em confusão no Rio
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04/01/2004 | 20:36
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  Neste domingo, no segundo dia de aplicação da ordem judicial que prevê a identificação de todos os cidadãos norte-americanos que chegam ao país, a confusão no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, foi tanta que até canadenses foram erroneamente submetidos à mesma exigência. Houve filas em conseqüência da falta de estrutura da Polícia Federal para executar com agilidade todo o procedimento.

“Tivemos que deslocar funcionários de outra repartição e convocar quem não estava de plantão. Se a ordem judicial se mantiver, teremos que criar melhores condições de atendimento, porque senão, quando houver um número maior de norte-americanos chegando, certamente haverá um atraso muito grande”, admitiu o delegado da Polícia Federal Marcos Brügger.

“Ninguém nos informou sobre nada. Não estou entendendo nada”, reclamou o canadense Malcom Lee Morris. “Tivemos oito horas de vôo, estamos cansados e isso está precisando de mais estrutura para funcionar melhor”, criticou ele que, com o pai em uma cadeira de rodas, foi confundido com cidadão norte-americano e fichado da mesma maneira.

Depois de receber as explicações sobre os motivos que levaram o Brasil a adotar tal medida, ele se conformou. “O país está certo. Se fazem isso com cidadãos brasileiros, é correto ter o mesmo procedimento”.

Surpresa e resignação foram os sentimentos de todos os passageiros que chegaram neste domingo ao Brasil pelo aeroporto do Rio, vindos dos Estados Unidos.

Organizador de eventos voltados para executivos norte-americanos, John Sabbin se disse preocupado com a manutenção da nova regra. “Tenho um congresso para mais de 70 pessoas em junho no Rio e acredito que a repercussão desta medida pode afastar alguns interessados”, disse.

Além das impressões digitais dos dez dedos, os americanos também estão sendo fotografados. Os novos procedimentos foram determinados pelo juiz Julier Sebastião da Silva, do Mato Grosso, com base na lei da reciprocidade internacional. Isso porque os Estados Unidos começam a partir desta segunda-feira a identificar estrangeiros em todos os seus aeroportos, com exceção dos nascidos em 26 países, a maioria da Europa, além de Japão, Austrália e Brunei.

O executivo Glen Johnson, da Texaco, disse ter lido nos jornais sobre a retaliação brasileira ao sistema de migração americano e entendeu, mas não concordou. “É compreensível pelo constrangimento causado. Mas nos Estados Unidos há necessidade de maior segurança nacional por conta dos ataques terroristas”, comentou.

Para Dell Son, que trabalha com o ramo de viagens, a medida não causou surpresas. “Hoje em dia nada mais me causa surpresas. O mundo chegou em tal nível com este medo de terrorismo, que uma medida de segurança acaba levando a outra e ficamos todos reféns delas”.

Bem-humorado, o casal Robert e Shirley Koffman aproveitou para fazer piada com a identificação das impressões digitais exigida pela Polícia Federal. “Posso fazer uma foto de minha mulher com dedinhos sujos?”, pediu ele ao oficial de plantão, no que foi atendido prontamente.




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