Apesar de ter vencido licitação que previa R$ 2 milhões por mês para gerenciar o Hospital e Maternidade São Lucas, em Ribeirão Pires, o presidente do Instituto Illuminatus, Alfredo Antônio Del Nero, o Fred, garante que conseguiria manter o equipamento com R$ 900 mil mensais. A organização também tinha contrato para administrar as oito residências terapêuticas na cidade, por R$ 160 mil por mês.

O empresário diz que as contas realizadas pela sua entidade mostravam que o funcionamento do hospital poderia ser feito com R$ 500 mil (fornecedores e remédios) e a folha de pagamento dos médicos de R$ 400 mil. O gestor não explicou de que maneira a economia seria feita. "O contrato é de R$ 2,2 milhões por mês. Eram R$ 2 milhões para o Hospital São Lucas e R$ 160 mil das residências terapêuticas. Sobrava R$ 1,1 milhão", afirma Fred.

O secretário de Saúde, Allan Frazatti, considera o cálculo "um absurdo". "É inadmissível. Dá para ver que ele não tinha noção do que estava fazendo", considera. Atualmente, a Prefeitura gasta mensalmente R$ 2,4 milhões mensais para manter o hospital de portas abertas - do montante, R$ 1,3 milhão é somente para pagamento dos médicos. "O (restante do) custo inclui medicamento, alimentação, área da limpeza, além da parte de gás e oxigênio, que é muito caro", completa o titular da Pasta.

Nos primeiros meses, a administração não pagou a cota cheia (R$ 2,2 milhões) porque tinha em endamento contratos de medicamentos e alimentação.

De acordo com denúncia do comandante do Illuminatus à Polícia Federal, que a encamihou ao Ministério Público, o R$ 1 milhão que restaria no contrato era desviado para pagamento de propina endereçada ao prefeito Clóvis Volpi (PV) e ao secretário de Governo, Nonô Nardelli. O chefe do Executivo e o secretário negam as acusações e dizem que processarão Fred.

O contrato do Illuminatus com a Prefeitura, de novembro de 2010 a julho de 2011, que culminou em suposto esquema de desvio de dinheiro público, foi revelado com exclusividade pelo Diário no domingo. Relatório elaborado pelo Paço mostra que, dos R$ 10,9 milhões pagos no período, há rombo de R$ 4,5 milhões por falta de prestação de contas do instituto. Fred, por sua vez, afirma que a Prefeitura lhe deve R$ 1,8 milhão do último mês de serviço. Portanto, contraditório ao que afirmou inicialmente sobre manter o Hospital São Lucas com R$ 900 mil.

No meio das acusações, investigadas pelo MP, está a médica licenciada da Prefeitura Renata Lin. Além de servidora, ela era diretora clínica do hospital, procuradora do Illuminatus (mexia nas contas bancárias) e dona de empresas subcontratadas pelo instituto. Fred diz que Renata estava a mando de integrantes do governo, e que assinou procuração a ela porque foi ameaçado. Volpi diz que ela era do esquema do presidente do Illuminatus e é, por lei, o instituto que tem de apresentar recibos e notas fiscais.