Setecidades Titulo Educação
Reprovação no Ensino
Médio é de 16,3%

O índice do Grande ABC é maior que o registrado em todo
Estado de S.Paulo e no País e mostra que Educação vai mal

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
22/05/2012 | 07:00
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Cerca de 16,3% dos alunos matriculados no Ensino Médio no Grande ABC cursavam, em 2011, a mesma série estudada no ano anterior. O índice de reprovação entre as sete cidades é maior do que o registrado no Estado de São Paulo - 13,9% - e no País - 13,1%. O dado foi disponibilizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) com base nas informações do Censo Escolar 2011.

Entre as escolas públicas, os repetentes representavam 17,8%; nas particulares, 5,4% (leia reportagem abaixo).

Em comparação com números de 2010, o índice não apresentou alteração significativa na região. Houve variação de apenas 0,6%. No Brasil, a taxa é a pior desde 1999 - período em que estava na casa dos 12%. 
Entre os municípios do Grande ABC, o pior resultado foi o registrado pelas escolas em São Bernardo, onde 19,5% dos estudantes estavam na mesma série do ano anterior. Já a menor proporção está em Mauá, com 13,4%.

O nível de reprovação indica que o aluno não está aprendendo, segundo a coordenadora geral do Movimento Todos Pela Educação, Andrea Bergamaschi. A especialista comenta que um dos maiores problemas da taxa de repetição é ter como consequência o abandono e até mesmo a evasão escolar. "Este nível é preocupante e confirma que o direito de aprendizagem do jovem não está sendo garantido", diz.

Já o professor da USP (Universidade de São Paulo) especialista em ciclos e avaliação educacional, Ocimar Munhoz Alavarse, defende que o índice de aprovação deveria ser de 100%. "Toda vez que o aluno é reprovado significa que a escola não teve sucesso", comenta.

As causas para a reprovação podem ser inúmeras. Variam desde salas superlotadas, desqualificação profissional, deficit de aprendizado, desinteresse dos alunos, falta de material didático adequado e currículo educacional inadequado, de acordo com os especialistas. "Números do Estado de São Paulo e Grande ABC, regiões que estão entre as mais ricas do País, mostram que temos muitos desafios", destaca Alavarse.

Segundo o professor da USP, o fato de cursar novamente a série não garante o aprendizado. Prova disso são os resultados das avaliações aplicadas pelos governos. O Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) deste ano, por exemplo, apontou que as médias dos municípios do Grande ABC vêm caindo desde 2009. Cerca de 70% das escolas das sete cidades registraram desempenho abaixo da meta traçada pela avaliação para 2011.

Cabe aos governos, segundo Andrea, avaliar qual é o problema observado e agir para solucioná-lo. "Precisamos de reformar´ o currículo do Ensino Médio."

A Secretaria Estadual de Educação informou que os índices de reprovação não podem ser avaliados isoladamente de outros indicadores de rendimento escolar e destacou que São Paulo teve as melhores taxas de aprovação (81,6%) e abandono (4,5%) do País.

Para melhorar o Ensino Médio, o Estado apontou a criação de estratégias para atrair jovens, a criação da Rede Ensino Médio Técnico, novos modelos de recuperação, revisão do material pedagógico e formação de professores. Além disso, foi destacada a implantação do Ensino Médio Integral, que passou a contemplar uma escola do Grande ABC neste ano: a EE Jardim Riviera, em Santo André.

Diferença entre públicas e particulares é grande

Um abismo separa as taxas de reprovação observadas no Ensino Médio das redes pública e privada. Enquanto 17,8% dos estudantes das escolas estaduais repetiam no ano passado a série cursada em 2010, na rede particular de ensino o índice era de 5,4%. Em relação ao levantamento de 2010, o número teve variação de 3,7%.

No Estado, a taxa de reprovação na rede privada é de 4,6%, número quase quatro vezes menor do que o registrado entre as escolas de ensino público (15,3%). A média no Brasil de estudantes que repetem o Ensino Médio é de 6,1% entre as particulares e 14,1% nas públicas.

Para a coordenadora geral do Movimento Todos Pela Educação, Andrea Bergamaschi, é importante ressaltar que, atualmente, 85% dos alunos estão no ensino público e que a necessidade de trabalho por parte de alguns jovens dificulta o aprendizado. "Diferente de alguns jovens matriculados no ensino estadual, os estudantes da rede privada não têm necessidade de trabalhar", observa.

A presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, destaca que, se a escola pública não evoluir e criar mecanismos que atraiam os alunos, os índices não vão melhorar. "O governo só inventa políticas para minorias, como é o caso das escolas de Ensino Médio em período integral", avalia.

Segundo a especialista, é preciso investir na construção de mais escolas e colocar em prática a Lei da Jornada - que determina que professores usem um terço da jornada de aula para atividades complementares -, além de garantir a formação dos educadores.




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