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Preso falso empresário de futebol
Thiago Varella
Especial para o Diário
28/01/2006 | 08:48
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O sonho de jogar futebol na Europa e receber milhares de euros acabou em decepção para dois jovens de Santo André, que descobriram ser vítimas de um golpe. A Polícia Civil prendeu nesta sexta em flagrante um advogado que teria iludido os rapazes com a promessa de levá-los ao Atlético de Madrid da Espanha. José Cássio de Carvalho Pires, 48 anos, afirmava ser representante de Luiz Pereira, ex-jogador do Palmeiras e da seleção brasileira. Ele se propunha a levar os garotos para jogar durante um ano na equipe B do time madrilenho.

No caso de Gabriel de Maximo Franco, 18 anos, a forma de cooptação foi por meio de um anúncio de jornal. “Ele chamava jogadores de 15 a 20 anos para fazer teste e deixava um endereço de e-mail. Eu enviei o e-mail e nós nos encontramos no Pão de Açúcar, ao lado da estação, juntamente com a minha mãe”, contou Gabriel. No local combinado, professor Cássio, como ele se apresentava, mostrou uma pasta com fotos de jogadores, contratos e disse já ter três jogadores na Espanha.

Segundo Gabriel, sem nem ao menos ter visto o jovem jogar bola, José Cássio propôs levá-lo para um teste de três meses em Madri e pediu cerca de R$ 40 para tirar o passaporte. Em um segundo momento, o advogado teria dito que Luiz Pereira tinha muito interesse no garoto e que havia pedido uma fita de vídeo com imagens de Gabriel jogando bola, além de R$ 66 para mandar o sedex. Teria chegado a mostrar um documento que dizia que o Atlético de Madri queria que o rapaz ficasse um ano na Espanha. Gabriel receberia 2.500 euros de salário, 20 mil euros de luvas – uma espécie de adiantamento – e 500 euros de auxílio alimentação e transporte. Foi aí que o garoto começou a desconfiar. “Ele era bom de conversa. Mas ofereceu muita coisa. Nem tinha me visto jogar nem nada”, lembrou. O último encontro havia sido agendado para esta sexta. Antes, o pai de Gabriel, Ary da Silva Franco Filho, passou no 2ºDP e contou a história à polícia. Quando pagaram mais R$ 85, a polícia prendeu José Cássio em flagrante, em frente ao supermercado Pão de Açúcar, no Centro.

Rafael Augusto Sampaio Scomabatte, 19 anos, também foi enganado. O garoto foi fazer um teste no time da Força Sindical e, perdido, acabou no campo onde José Cássio treinava um pequeno time de futebol na Lapa, zona Oeste da capital. O rapaz, então, foi iludido com a mesma proposta. A família desconfiou da proposta quando José Cássio não depositou um dinheiro de reembolso que teria prometido. Quando foram à delegacia, em dezembro do ano passado, era tarde demais: já haviam dado R$ 680 ao suposto estelionatário. “O dinheiro a gente recupera, mas o psicológico não. Fiquei frustrado com o futebol.”

José Cássio já era procurado por estelionato, falsificação de documentos e apropriação indébita, além de ter seu registro na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) cassado há cerca de dois anos. Pelo flagrante em estelionato, o acusado pode pegar de um a cinco anos de reclusão. José Cássio afirmou ao Diário ter participado de mais seis ou sete casos semelhantes. Com ele, a polícia encontrou uma lista com 96 nomes de garotos. O documento servirá para descobrir se há mais vítimas.

Em setembro de 2005, caso semelhante, também em Santo André, acabou com a prisão de uma dupla de estelionatários que fingiam trabalhar para o ex-jogador brasileiro e técnico no Japão Ruy Ramos. Os golpista prometiam levar alguns garotos para o Japão e chegaram a enganar até a empresa Sinal Ronda, patrocinadora do E.C. Santo André, com uma proposta de intercâmbio de atletas.




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