Sabores&Saberes Titulo Análise
Armadilhas na tomada de decisão
Simpi
18/11/2020 | 00:07
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Estamos em meio a um paradoxo. De um lado bombardeados com informações sobre todos os assuntos, mas por outro, a impressão é que nada é exatamente o que precisamos para a tomada de decisão. O resultado é confusão, incerteza e angústia, na visão da doutora em economia e professora da Escola de Administração de Empresas da FGV Alexandra Strommer Godoi, que lançou recentemente o livro Escolher bem, escolher mal – Armadilhas da tomada de decisão, sobre economia comportamental, obra que combina elementos da economia e psicologia para estudar como as pessoas, na prática, tomam decisões pessoais, nos negócios, na política.

“No nosso cérebro temos uma espécie de buscador que varre na memória situações semelhantes àquela que estamos procurando. O problema é que a informação hoje nos chega filtrada pela mídia e redes sociais. Então, é como se nosso buscador não estivesse varrendo o mundo real, mas uma versão um pouco distorcida desse mundo. E a pandemia agravou esta impressão: uma avalanche de entrevistas, notícias e pesquisas, mas nenhuma é capaz de nos ajudar a decidir coisas simples, como a que momento sair de casa, se estamos seguros na rua, se deixamos que os filhos retornem à escola, se trabalhamos no escritório ou home office”, explica a doutora.

Assim, um aspecto importante do processo de decisão foi alterado e várias situações que antes funcionavam no piloto automático, agora são decisões conscientes. Segundo Alexandra, “estamos sobrecarregados”. Para ela, a pandemia reúne pontos sensíveis no processo decisório. O primeiro deles é a incerteza, pois, de repente, o passado não é mais um bom guia para o futuro e o que a gente aprendeu parece não fazer mais tanto sentido. O outro é a sensação de perda, já que toda escolha tem um custo e para conseguir uma coisa é preciso abrir mão de outra.

“No caso da pandemia algumas dessas trocas são muito difíceis porque os objetivos são conflitantes. Por exemplo, apesar dos riscos de infecção do vírus, você quer que sua empresa funcione, há um objetivo econômico, mas precisa proteger seus funcionários, clientes, familiares”, explica Alexandra. Decisões assim, no início causaram pânico nas pessoas, mas o ser humano se adapta rapidamente e logo encontramos alternativas que chamamos agora de novo normal.

Para Alexandra, a tendência é chegar num meio termo. “Nada mais será como antes nem tão radical como agora. E cada vez mais precisaremos tomar decisões de forma produtiva. Existem ferramentas e modelos para facilitar esse processo e diminuir a angústia. Importante ter em mente que eventos inesperados podem acontecer e nem sempre o resultado está sob nosso controle. O principal desafio então é separar o que é sinal do que é ruído”, finaliza.

Reformas pela frente

O Brasil carece de um processo político inteligente, de avançar com as reformas tributária, administrativa e do Estado, afirma Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper. Para ele, questões como a carga tributária, a dívida pública e direito de greve para funcionários nas esferas federal e estadual precisam ser resolvidas, sob pena de estagnar o País.

No entanto, apesar destas apreensões, Rocha segue otimista. “Congresso e governo saberão levar à frente estas reformas. Meu recado para o empresário: entre em 2021 preparado, reveja seu plano estratégico e esteja pronto para uma retomada do crescimento. Isso implica qualificação de mão de obra, contratar pessoas, equipamentos e aumentar o seu acesso a crédito”, orienta o professor. 




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