Movimento tem como objetivo reverter o desligamento de cerca de 200 trabalhadores da linha de produção
Trabalhadores da Kostal, autopeça instalada em São Bernardo, junto ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, estão realizando neste momento passeata pelas ruas do bairro Paulicéia. O movimento, anunciado pelo Diário, tem como objetivo reverter o desligamento de cerca de 200 trabalhadores da linha de produção, já que a ideia da companhia é manter apenas 100 colaboradores na parte administrativa, que seguirá em funcionamento na cidade, de acordo com a empresa.
Ainda segundo a Kostal, as “tratativas sobre as linhas de produção estão em avaliação da diretoria”. Para os trabalhadores a ideia da mobilização é contar também com o apoio dos comerciantes a fim de juntar forças para que a metalúrgica mantenha todas as suas atividades no município. "Todos perdem com o fechamento de uma empresa como a Kostal. Os trabalhadores movimentam a economia local", conta um dos funcionários. A categoria deve retornar ainda pela manhã à fábrica, com a realização de outras assembleias até que a empresa os chamem para nova conversa. “Não vamos trabalhar até que tenhamos uma posição”, disse um dos colaboradores.
A empresa anunciou o fechamento da unidade no fim de semana, justificando que se trata de uma “decisão estratégica”. Desde segunda-feira, os 300 trabalhadores estão paralisados para pressionar negociação acerca da permanência da fábrica.
A administração informou que o prefeito Orlando Morando (PSDB) se reuniu ontem, por vídeoconferência, com a direção da metalúrgica. No encontro, a empresa afirmou que a área administrativa será mantida na cidade com cerca de 100 colaboradores. A Prefeitura solicitou garantia sobre o prazo de permanência no município, assim como dos funcionários, e se colocou à disposição para “ajudar no que for necessário”. A diretoria deve retornar até sexta-feira.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC se reuniu com representantes da Kostal ontem. A empresa se mostrou inflexível, então a entidade representante dos trabalhadores solicitou reunião por vídeo com a matriz do grupo, situada na Alemanha, e aguarda retorno. “O sindicato não irá encerrar a discussão com o objetivo de manter a empresa e os empregos”, destacou a entidade.
Em nota, a Kostal salientou que as operações estão mantidas até o momento e que as “ tratativas sobre as linhas de produção estão em avaliação da diretoria”.
Conforme o Diário publicou ontem, a autopeça justificou ao sindicato que a decisão faz parte de readequação mundial, e ainda que a demanda brasileira seja alta, não é mais financeiramente atrativo manter as atividades. A previsão é que as operações sejam encerradas em julho e, partir de então, o mercado do País passaria a ser suprido pela fábrica do México, que possui acordo comercial com o Brasil.
Além da unidade de São Bernardo, a planta de Manaus, no Amazonas, também deve ser fechada. No País, apenas a unidade de Cravinhos, no Interior de São Paulo, será mantida. Atualmente, a fábrica da Kostal na região produz para o after market, ou seja, peças – tais como componentes eletrônicos, eletromecânicos e mecatrônicos – para reposição.
Presente na região desde a década de 1970, é pelo menos a sexta empresa a anunciar que deixará a cidade no último ano. Desde julho, o Restaurante São Francisco, a montadora Ford, a Tecnoperfil Taurus, o Restaurante Florestal, a metalúrgica Paschoal e a Mangels decidiram deixar a cidade, resultando em aproximadamente 3.600 empregos a menos.
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