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Região tem 9,79% de taxa de letalidade

Números apontam que de dez pessoas infectadas pela Covid-19, uma morre no Grande ABC

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
20/05/2020 | 00:01
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A cada dez pessoas que têm Covid-19 confirmada no Grande ABC, uma não resiste e vem a óbito. Números divulgados pelas sete prefeituras nos boletins epidemiológicos de segunda-feira mostram que a região tinha 391 mortes e 3.994 pessoas infectadas (os dados cresceram nos informativos de ontem, leia mais acima). E a equação entre estas quantias – inclusive impressionam as marcas de Mauá, São Bernardo e Rio Grande da Serra (veja na tabela ao lado) – faz com que a taxa de letalidade da região seja de 9,79%, superior tanto à do Estado (7,65%) quanto à do Brasil (6,61%).

Como base de comparação a outros países, por exemplo, a taxa do Grande ABC é bastante alarmante. Apenas sete (entre as 20 nações com o maior número de vítimas fatais) estariam à frente das sete cidades no quesito mortalidade, de acordo com dados compilados da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos: México (10,3%); Espanha (11,9%); Holanda (12,9%); Reino Unido (14,1%); Itália (14,2%); França (15,4%) e Bélgica (16,3%) A cidade chinesa de Wuhan, primeiro epicentro mundial da doença, por exemplo, teve índice de letalidade apenas 2,3% durante o ápice da pandemia por lá.

“A taxa de letalidade por Covid-19 no Grande ABC é de 9,79%, um número extremamente elevado quando comparado à taxa de letalidade da China, 2,5%, no início da pandemia. É um dado alarmante que merece muita atenção para a região, pois baseia-se no total de casos confirmados e óbitos. Outras doenças podem apresentar elevadas taxas de mortalidade, por exemplo o sarampo. Contudo, na proporção atingida pela pandemia da Covid-19 e com o abarrotamento do sistema de saúde em todos os países, nunca foi visto nada semelhante na nossa história atual”, alerta a gestora do curso de biomedicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Adriana de Brito.

Segundo a especialista, existem situações características da região que contribuem para o número alto em comparação ao Estado e ao País. “Vemos que alguns municípios do Grande ABC têm ocupações de leitos em situações críticas, como Mauá e Diadema. Sabemos que são cidades com elevado número de pessoas carentes e vivendo em alojamentos ou de forma aglomerada. Outro ponto importante é que o Grande ABC é polo industrial, com muitas fábricas em funcionamento, além de ser região muito populosa. O avanço no número de casos pode também estar associado ao não afastamento do emprego neste período e ao tipo de transporte usado no deslocamento até o serviço, que, na maioria das vezes, é público coletivo. Além disso, o Ministério da Saúde divulgou: locais com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) apresentam elevado números de casos comparados a regiões de elevado IDH”, explica Adriana de Brito. 

Especialista indica que falta de testes eleva estatística do Grande ABC

O cientista social Marcos Soares, especialista em opinião pública, mídia e estratégias em comunicação política, um dos idealizadores do instituto de pesquisa ABC Dados, analisou a tabela ao lado, produzida pelo Diário, e comentou os dados. “A média de letalidade no mundo é muito menor do que a nossa porque nos outros países testam mais do que a gente. Minha hipótese é que na região estamos testando muito pouco”, opina.

Adriana de Brito finaliza defendendo a sequência das medidas de isolamento físico para controle da propagação da doença. “O expressivo aumento diário do número de casos confirmados indica que ainda tem que manter as medidas preventivas de forma efetiva, com o uso de máscaras, higiene e distanciamento social. O não cumprimento delas pode afetar diretamente o sistema de saúde no Grande ABC, sobrecarregando os hospitais e não possibilitando salvar a vida de todos. Tal fato, contribuiria ainda mais para o aumento da mortalidade, assim como tem ocorrido em alguns Estados na região Norte do País”, diz a gestora do curso de biomedicina da USCS.




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