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Paris realiza homenagem ao artista Jean Coteau
Por Da AFP
26/09/2003 | 12:28
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O Centro George Pompidou de Paris presta homenagem a Jean Cocteau, morto em 11 de outubro de 1963, com uma retrospectiva que pretende refletir o talento multifacetado e a verdadeira envergadura do artista polivalente, personalidade complexa e objeto de muitos mal-entendidos.

"Não existem muros entre as diferentes maneiras de se expressar", dizia Cocteau, cujo ecletismo era considerado dispersão por alguns críticos.

Em 900 telas, entre elas 335 desenhos, outras tantas fotografias, quadros de artistas que o homenagearam, além de 50 manuscritos, objetos, esculturas e 30 instalações audiovisuais, a exposição "Jean Cocteau sur le fil du siècle" (Jean Cocteau ao longo do século), aberta nesta quinta-feira, 25 de setembro, e que ficará aberta até 5 de janeiro de 2004, explora todos os aspectos de uma obra em harmonia com o século XX.

Poeta, escritor, desenhista, crítico, coreógrafo, cineasta, dramaturgo, artista de vanguarda e mundano incorrigível: as múltiplas facetas de Cocteau são evocadas ao longo de sete fases temáticas que dão lugar de honra a sua obra gráfica.

Apresentados na introdução, trinta auto-retratos do artista, feitos em 1924, depois da morte do escritor Raymond Radiguet, ilustram a simbiose entre as letras e o desenho que caracteriza a obra de Cocteau.

A retrospectiva permite ao visitante fazer a descoberta gradual de Cocteau e seu tempo: o Montparnasse dos artistas, onde ele visitava Guillaume Apollinaire, Max Jacob, Picasso ou o compositor Erik Satie, o escândalo do "Parade", balé com enredo escrito por ele, a relação difícil com o grupo Dada, e o mal-entendido com o escritor André Breton, sua admiração por Picasso, sua paixão pelo circo e pela música.

Durante a ocupação nazista na França, sua atitude manchou sua imagem: para tentar evitar a censura, buscou o apoio do invasor. Mas o homem que elogiou o escultor nazista Arno Brecker foi também aquele que testemunhou em favor do escritor Jean Genet e que tentou em vão salvar Max Jacob do campo de concentração de Drancy.

Cocteau foi retratado pelos maiores artistas do século, de Modigliani a Andy Warhol, passando por Picasso, Man Ray, Dora Maar e Raoul Dufy.

A exposição é concluída com a projeção de cinco filmes dirigidos por Cocteau - "Le Sang d'Un Poet" (1930-32), "A Bela e a Fera" (La Belle et la Bête, 1946), "O Pecado Original" (Les Parents Terribles, 1948), "Orfeu" (Orpheé, 1950) e "Le Testament d'Orphée" (1960)-, além de "Les Enfant Terribles" (1949), dirigida por Melville, mas com roteiro de Cocteau.

Nos quarenta anos de sua morte está prevista a publicação na França de cerca de 40 obras de Jean Cocteau ou sobre ele.




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