O atual ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, deve anunciar ainda o cronograma de devolução dos depósitos. Os pesos retidos nas poupanças devem voltar aos argentinos a partir de março. Os depósitos em dólares devem ser devolvidos a partir de julho. Segundo a edição on-line do jornal El Clarín, depósitos até US$ 5 mil ou 5 mil pesos seriam devolvidos entre 90 e 180 dias.
Mais do que a flexibilização dos saques, interessa à população saber quando será devolvido o dinheiro que foi confiado aos bancos, muitas vezes antes mesmo dos 43 meses de recessão. Logo que assumiu, o populista Duhalde garantiu que devolveria aos correntistas todos os depósitos bancários, respeitando a moeda em que entraram nos bancos – dólares devolvidos em dólares e depósitos em peso garantidos em moeda argentina.
Mesmo com o anúncio de flexibilização nas restrições, o sistema bancário e cambial argentino está longe de voltar à normalidade. A princípio, os bancos e casas de câmbio estariam liberadas para funcionar integralmente nesta quarta-feira. Mas o Banco Central da República Argentina (BCRA), no final da tarde de terça, decidiu estender o feriado bancário até quinta-feira, por conta da indefinição sobre como vai funcionar o sistema de câmbio duplo, que vale desde segunda-feira.
A restrição no funcionamento dos bancos – que só funcionarão nesta quarta para pagamento de salários e pensões, cobranças de impostos e serviços, depósitos de cheques, saques em pesos dentro do limite vigente e transferências em moeda argentina – e a proibição ao trabalho das casas de câmbio mascara o real nível de desvalorização do peso frente ao dólar no mercado paralelo.
Sem os bancos e as casas de câmbio, o mercado negro está concentrado na mão dos doleiros. A cotação oficial, controlada pelo governo, estabelece que US$ 1 custa 1,40 peso, mas esse valor vale essencialmente para transações externas do próprio governo. Nas ruas, o dólar oscila entre 1,50 peso e 1,60 peso – índice de desvalorização esperada por Lenicov e sua equipe. Mas no pagamento de dólares em cheque, os cambistas de Buenos Aires pediam 1,80 peso para a venda de US$ 1.
A flexibilização no 'corralito' pode também elevar a cotação paralela do dólar. Dotados de mais pesos nas mãos, os correntistas poderiam correr às casas de câmbio e às mesas dos bancos para comprar dólares, demanda que estouraria o preço da moeda americana e depreciaria ainda mais o dinheiro argentino. Assim, os argentinos repetiriam uma praxe dos bancos e grandes investidores no mercado financeiro: a corrida pelo 'hedge', a proteção na moeda forte. O secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández, disse nesta terça-feira à edição on-line do jornal Ambito Financiero não esperar que isso aconteça.
A intenção declarada pelo governo é fazer com que, em um futuro próximo (90 ou 180 dias), os câmbios oficial e livre se fundam e oscilem – o mais perto possível da cotação de 1,40 peso.
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