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Jovem homossexual é agredido na saída de balada em São Bernardo

Rapaz foi espancado por grupo de seis pessoas e ofendido com frases de homofobia; três dos agessores se apresentaram à polícia

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
25/09/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Quatro dias depois de o Diário noticiar três casos de intolerância, a manhã de domingo foi marcada por mais um crime dessa natureza na região. Desta vez, Roger Passebom Junior, 22 anos, foi espancado por grupo de seis pessoas, e as agressões teriam como motivo o fato de ser homossexual. O caso aconteceu na saída da casa noturna Fantastic Lounge Club, no Jardim do Mar, em São Bernardo. Por volta das 18h de ontem, três dos agressores se apresentaram à polícia e foram ouvidos no 1º DP (Centro), onde o crime foi registrado como de lesão corporal com motivação homofóbica – eles foram liberados em seguida, já que não houve flagrante. 

Testemunhas afirmam que o jovem – que comemorava seu aniversário – foi ofendido com frases homofóbicas enquanto era golpeado com chutes na cabeça. Junior teve traumatismo craniano e está internado em estado grave no HC (Hospital Municipal de Clínicas).

Segundo familiares, enquanto o rapaz dançava com amigos, grupo de três homens começou a provocar o aniversariante. Ofendido, Junior reagiu às intimidações e uma discussão foi iniciada. Seguranças do local retiraram os agressores da festa, entretanto, Junior e os amigos ficaram na casa noturna até o fechamento do espaço.

Ainda conforme os depoimentos, os três homens, junto com outras três pessoas, ficaram do lado de fora à espera que Junior e os amigos saíssem. Em princípio, os agressores teriam atacado um dos amigos do jovem, que já estava dentro do carro. Junior desceu do veículo na intenção de ajudar o colega e se tornou alvo dos agressores, sendo jogado no chão e espancado, sobretudo com chute na cabeça. Os amigos conseguiram fugir.

De acordo com o tio do garoto, Silvio Brito, 46, seis homens chutavam a cabeça de Junior, dizendo que “homossexual tem de morrer”. A briga teria sido motivada porque um dos agressores disse que a vítima o olhava, o que os amigos afirmaram não ser verdade.

Um dos jovens que estavam com a vítima registrou boletim de ocorrência no 1º DP, que instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias do fato.

A família informou, por meio de redes sociais, que o jovem estava em coma e precisou passar por cirurgia para minimizar os traumas na cabeça. Em nota sobre o estado de saúde da vítima, enviada por volta das 18h, a Prefeitura disse que Junior estava na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do HC, em estado grave. 

Ainda segundo a administração municipal, o paciente realizou cirurgia de craniotomia para drenagem de hematoma no cérebro e permanecia sedado, tendo recebido medicamentos vasoativos para regulação da frequência cardíaca. De acordo com a nota, a equipe médica aguardava melhora clínica do rapaz para realização de nova tomografia.

A casa noturna divulgou nota informando que não compactua com crimes homofóbicos e com violência, justificando ainda que, embora o caso tenha acontecido fora do estabelecimento, o espaço está à disposição de familiares e amigos de Junior, assim como para colaborar com autoridades nas investigações.

Rapaz garante sustento da família

Batalhador. Essa foi a palavra com a qual a família resumiu, entre outras qualidades, o jovem agredido por homofobia, Roger Passebom Junior, 22 anos. Morador de São Bernardo, o garoto está sustentando a casa – onde vivem nove pessoas – com trabalho que conseguiu recentemente em sorveteria do município. A equipe de reportagem do Diário conversou com três parentes do jovem, entretanto, a mãe e a irmã do garoto estão sendo preservadas porque estão abaladas com o episódio, dizem os parentes.

“O Junior estava muito feliz de ter conseguido emprego. Faz poucos meses, não sei dizer exatamente quando, que ele começou a trabalhar na sorveteria. Ele é uma pessoa adorável e muito esforçado”, contou a prima do jovem, Jennifer Ferreira, 31.

Segundo a prima, o menino é alegre, agradável e querido por todos. “Queremos Justiça. Não é justo o que fizeram com ele e não tem mais volta. O mínimo que esperamos é que os responsáveis por ter deixado meu primo na cama, muito mal, paguem pelo que fizeram e sejam presos”, disse.

“O que mais deixou todos os amigos chocados foram as ofensas de homofobia. Bateram nele por esse motivo, com certeza”, afirmou Jennifer.

Foto: Divulgação




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