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Arte que cruza fronteiras

Grafiteiro de Santo André, Small participará de evento em julho, em Kosovo

Vinicius Castelli
02/06/2019 | 07:05
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André Henriques/DGABC


Quando garoto, Douglas Terra gostava de desenhar. Não podia ver uma folha em branco que sua imaginação já queria voar. Foi naquele mesmo período que começou a ver, em fotografias, o que o primo de um amigo fazia como arte urbana. Se encantou de imediato. A semente estava plantada e foi o que bastou para ir atrás de oficinas de grafite. Nas ruas, sempre observava as artes que encontrava para entender como eram feitas.

Hoje, aos 32 anos, o andreense, conhecido no cenário artístico como Small, celebra convite para participar de um grande evento na Europa, em Kosovo, no Meeting of Styles Kosovo, mostra que será realizada de 26 a 28 de julho, na Capital Pristina.

“Mandei meu portfólio para esse evento e de 400 artistas inscritos de vários países só 100 conseguiram. Fiquei muito feliz em saber que tinha passado na seleção”, explica Small. O artista apresentará trabalho chamado wildstyle (estilo de grafite criado em Nova York, nos anos 1970, que é feito com letras ligadas umas às outras). “Vou fazer minhas letras com uma pintura que estou estudando tridimensional dentro delas”, explica.

Esta será sua primeira experiência fora do Brasil. Há dois anos ele foi convidado para o mesmo evento (itinerante), cuja edição foi realizada em São Francisco, Estados Unidos. Mas como não conseguiu patrocínio, perdeu a oportunidade. Agora, porém, resolveu arcar com as despesas. Comprou a passagem aérea. Refeições e estadia são pagas pelo evento. “Estou muito ansioso, e também um pouco nervoso porque será a primeira vez que viajo de avião”, confessa.

Para Small, o grafite representa tudo o que ele é hoje. “É uma maneira de eu falar com a rua, de tirar um sorriso de uma criança. Isso já é o bastante para mim”, diz.

O artista dedica seu tempo para a arte. “Antes ficava trancado em empresas e me sentia incompleto”, diz. Hoje ele percebe que a vida foi lhe direcionando para aquilo que queria. “Me sinto realizado. É como uma válvula de escape, quando percebo que não estou muito bem é porque não fui pintar”, frisa.

E Small usa essa linguagem artística para ir mais longe ainda. Além de registrar suas artes pelas ruas, o artista, graduado em design gráfico, também ministra oficinas para jovens infratores, atividade que mudou sua vida e seu jeito de pensar. Foi a partir daí que percebeu que “falta muita coisa na periferia e que muitos estão nessa vida por falta de oportunidade”. 




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