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Alaíde Damo nomeia parente na Sama, onde já entrou na mira do TCE

Prefeita interina de Mauá resgata cunhado de Leonel, ex-secretário na gestão do marido

Por Júnior Carvalho
do dgabc.com.br
10/01/2019 | 07:00
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Montagem/DGABC


A prefeita interina de Mauá, Alaíde Damo (MDB), voltou a nomear parente do seu marido, o ex-prefeito Leonel Damo, na Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá). Logo no primeiro dia à frente do Paço, a emedebista resgatou Antonio Carlos Ferreira, cunhado de Leonel, para o posto de diretor administrativo e financeiro da autarquia.

Antonio Carlos já integrou o primeiro escalão nos governos de Leonel. Na primeira passagem do hoje ex-prefeito pelo Paço (1982-1988), ele foi secretário de compras da Prefeitura. Já na segunda gestão do marido da hoje prefeita, ele foi superintendente da própria Sama. À frente da companhia de saneamento, ele foi condenado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) por irregularidades em contratos celebrados na autarquia. O tribunal multou Antonio Carlos em R$ 8.000 por ilegalidades encontradas em termos aditivos de acordos com empresas de locação de veículos. Entre as irregularidades apontadas à época estavam aumentos nos valores e até do número de prorrogações dos contratos acima dos limites estabelecidos pela legislação.

Na ocasião, o TCE também enquadrou outras figuras políticas que geriram a Sama durante o governo Leonel, como José Carlos Orosco Júnior (PDT), ex-genro do então prefeito, e o atual vereador Chiquinho do Zaíra (Avante). No novo cargo na Sama, Antonio Carlos receberá R$ 9.860,86 por mês.

Em sua estada inicial pelo Paço de Mauá, entre maio e setembro do ano passado, Alaíde já havia nomeado Antonio Carlos na Sama, também para cargo de diretoria. Ele foi exonerado logo depois que o hoje prefeito preso Atila Jacomussi (PSB) retornou ao comando do Executivo. O socialista foi preso pela primeira vez em maio, mas foi solto cerca de um mês depois por força de liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Atila foi novamente detido em 13 de dezembro, no âmbito da Operação Trato Feito e segue no presídio de Tremembé (no Interior), aguardando apelação no próprio STF.

Questionada, a gestão Alaíde não se manifestou sobre a nomeação de Antonio Carlos Ferreira.

DEVASSA
No dia 27, assim que assinou o termo de posse, Alaíde avisou que exoneraria comissionados em massa, sobretudo os secretários de Atila. “Eu não posso ficar com uma equipe que vai trabalhar contra mim”, alegou a então vice-prefeita, na oportunidade.

As demissões, contudo, foram além do secretariado e atingiram cargos dos segundo e terceiro escalões que eram ocupados por apadrinhados dos vereadores. Ex-servidores da Prefeitura relataram ao Diário a presença massiva de comissionados nas dependências do Paço aguardando para formalizar suas exonerações.

Alvo da Trato Feito é auditada pelo governo

A Prefeitura de Mauá, atualmente administrada interinamente por Alaíde Damo (MDB), concluiu pente-fino interno para reavaliar o cumprimento dos serviços prestados pela empresa Demax Serviços e Comércio, cujo nome foi alvo da Operação Trato Feito, da PF (Polícia Federal), que culminou com a prisão do prefeito Atila Jacomussi (PSB) e de seu ex-secretário João Gaspar (PCdoB, Governo).

No dia 8, o governo Alaíde publicou decreto formalizando o encerramento da sindicância e liberando a empresa para receber os pagamentos – no texto não há detalhes, porém do que foi apurado. A firma recebeu R$ 4,3 milhões entre janeiro e dezembro de 2018.

Secretário de Governo, João Veríssimo Fernandes afirmou ao Diário intenção da gestão de Alaíde de “moralizar” o Paço e antecipou que os contratos com as empresas citadas na investigação da PF seriam revisados. Ontem, porém, Veríssimo negou que a sindicância cuja a Demax entrou na mira tenha ocorrido em decorrência do eventual envolvimento da empresa em irregularidades. “Eu acho que essa auditoria foi feita porque a empresa tinha umas pendências anteriores. (A sindicância) Era para saber se os serviços foram prestados”, disse o secretário, que não detalhou quais eram essas pendências citadas.

Veríssimo destacou, porém, que o governo está analisando “todas as situações de todas as empresas” citadas na Trato Feito. “Na medida em que os processos administrativos chegam às secretarias de Finanças e de Governo, os procedimentos são analisados”, explicou.

Ao deflagrar a Trato Feito, no dia 13, a PF acusou Atila de comandar esquema de pagamento de propinas envolvendo várias empresas que prestam ou prestaram serviços para o Paço. O contrato com a Demax, terceirizada responsável por realizar a limpeza e conservação de prédios da área da Educação, foi um dos apontados como suspeitos de irregularidades.

Na segunda-feira, Atila, Gaspar e 21 dos 23 vereadores, além de um suplente, foram indiciados pela PF por corrupção ativa, passiva e participação em organização criminosa. 




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