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Em greve, professores pedem destituição de reitoria da FSA

Sindicato cobra acesso a documentos de sindicância que apura irregularidades em contratos de trabalho

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
08/01/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Professores da FSA (Fundação Santo André) aprovaram, na noite de ontem, a criação de comissão que vai pedir a destituição da atual reitoria da instituição de Ensino Superior. A aprovação ocorreu durante assembleia convocada pelo Sinpro-ABC (Sindicato dos Professores do ABC), que também deliberou pela continuidade da greve dos docentes por tempo indeterminado. A categoria reivindica o pagamento dos salários atrasados – desde 2015, vencimentos e 13° salários não são pagos em dia –, revogação da demissão de 35 profissionais que, segundo sindicância interna, foram contratados sem concurso público, entre outras demandas.

De acordo com o professor da Faeco (Faculdade de Ciências Econômicas) e diretor do Sinpro-ABC, Marcelo Buzetto, 49 anos, a comissão vai reunir documentos sobre “irregularidade que vêm sendo cometidas pela reitoria”. “Vamos buscar os meios legais e jurídicos, apresentar para a sociedade que, ao invés de tomar medidas para sanear as contas da instituição, essa reitoria está prejudicando a Fundação”, afirmou.

Cerca de 100 pessoas, entre professores, funcionários, alunos e ex-alunos participaram da assembleia. Entre eles, alguns dos 35 profissionais que foram demitidos em 21 de dezembro. A sindicância que resultou nas dispensas foi instaurada principalmente para investigar se o atual reitor, o professor Francisco José Santos Milreu, passou por concurso público. O docente admitiu ao Diário, um mês antes de assumir o cargo, em abril, que sua contratação, em 1989, foi por meio de prova interna. No entanto, Milreu não integra a lista dos 35 demitidos.

O vice-reitor Rodrigo Cutri afirmou, também em entrevista ao Diário, que o reitor apresentou comprovação de que passou por dois concursos públicos, em 1990 e 2000, no entanto, disse que o documento é sigiloso. (leia mais ao lado).

Ex-professor da Fundação, Ricardo Alvarez, 56, um dos docentes dispensados, afirmou que as atitudes da reitoria têm sido prejudiciais também aos alunos do colégio. Segundo Alvarez, em 2018, a reitoria pediu que fosse apresentado plano de recuperação do centro de ensino. Em junho, o estudo estava concluído e, entre as medidas, apontava a quantidade de alunos que o colégio deveria ter para ser sustentável e abordava a necessidade de intensificar a propaganda sobre a instituição. “Em novembro, nada tinha sido feito e, para nossa surpresa, em dezembro, durante reunião do conselho diretor, a reitoria colocou em votação a proposta de fechamento do colégio, que sobreviveu por apenas um voto, apesar de termos o número necessário de alunos para manter a viabilidade financeira”, declarou.

Entre as deliberações aprovadas durante a assembleia de ontem, ficou definido que o Sinpro-ABC vai solicitar à reitoria cópia das sindicâncias que culminaram na dispensa dos 35 profissionais – que chegaram a conseguir na Justiça liminares determinando a reintegração ao trabalho, mas as decisões já foram revogadas –; cópia de todas as sindicâncias instauradas (75, segundo o vice-reitor); e cópia dos documentos que comprovariam que o reitor se submeteu a concurso público.


Hostilizado, vice-reitor tentou impedir reunião

 

O vice-reitor da FSA (Fundação Santo André), Rodrigo Cutri, foi hostilizado pelos professores da instituição durante assembleia realizada ontem. Cutri foi convidado a falar e justificar as 35 demissões realizadas em 21 de dezembro, sob alegação de que os profissionais não haviam sido contratados por meio de concurso público. Ao afirmar que entendia as dificuldades dos docentes, mas se cada um estivesse na cadeira da reitoria também entenderia as suas, Cutri foi interrompido aos gritos de “faríamos diferente”.

Antes de se retirar, o vice-reitor questionou a presença de pessoas que não eram docentes na assembleia, como profissionais da imprensa, alunos e ex-alunos, e, cerca de 20 minutos após Cutri deixar o prédio da Faeng (Faculdade de Engenharia), onde ocorria a reunião, um segurança informou aos professores que recebeu ordem para fechar o prédio. “Essa atitude mostra o caráter dessa reitoria, de cercear nossa mobilização”, declarou o professor da Faeco (Faculdade de Ciências Econômicas) e diretor do Sinpro-ABC, Marcelo Buzetto, 49 anos.

Após conversar com o segurança da FSA, Buzetto informou que outra ordem da reitoria confirmou a utilização do espaço para assembleia até as 20h.

Mais cedo, em entrevista ao Diário, o vice-reitor afirmou que as demissões dos 35 profissionais foram legais. “Foram expedidas 11 liminares determinando a reintegração, mas a Fundação recorreu e elas foram revogadas. Isso atesta que a sindicância ocorreu dentro da legalidade”, afirmou. Os professores questionam o fato de a comissão de sindicância ter entre seus integrantes professores que também ocupam cargos de confiança.

“É importante destacar que a imprensa tem tido papel importante neste processo de passar a limpo a instituição”, pontuou Cutri. Segundo o vice-reitor, dos 70 processos instaurados, 35 foram concluídos e os profissionais, desligados, e outros 45 estão em andamento. “Parte deles já mostrou que as contratações são regulares, parte está em diligência, mas não consigo precisar os números”, declarou. A instituição está com concurso aberto para contratação de seis docentes, além de cadastro reserva. “Os profissionais que foram desligados podem concorrer”, concluiu.

Sobre os salários atrasados, a instituição aguarda consolidar o número total de matrículas em março para apresentar proposta ao sindicato.

 




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