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Banda Cordel do fogo Encantado quer o palco
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01/06/2018 | 08:00
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Reprodução Instagram


Era sexta-feira, 23 de fevereiro deste ano. Na data, Cordel do Fogo Encantado, banda das mais importantes a surgir em Pernambuco depois da geração do manguebeat dos anos 1990, revelava seu retorno, de fato. O grupo originário de Arcoverde, cidade do sertão pernambucano, a 250 km da capital, estava há oito anos com suas atividades suspensas. Apesar do esforço de alguns colegas jornalistas em descobrir se os boatos de retorno tinham algum fundamento e de alguns amigos da banda derem com a língua nos dentes, o segredo estava relativamente guardado até aquele momento.

Na data, o jornal O Estado de S. Paulo confirmou a volta do Cordel e publicou em primeira mão a capa do novo álbum da banda, a ser lançado alguns meses mais tarde. Também entrou nos serviços de música por streaming a discografia completa do grupo, e eram ativadas as novas contas de redes sociais oficiais da banda. Mesmo diante desse burburinho com o anúncio do retorno - e após meses de suspense, mistério e poucas respostas conclusivas até mesmo para amigos e familiares -, os integrantes do Cordel do Fogo Encantado preferiram se fechar no estúdio, no Recife, para ensaiar, na íntegra, o disco novo. "Estávamos preparados para aquele momento (de atenção gerada pela notícia da volta)", explica José Paes Lira, o Lirinha, vocalista da banda.

Três meses depois, em nova entrevista à reportagem, Lirinha está satisfeito com a resposta obtida com o retorno às atividades do Cordel do Fogo Encantado. A banda, em 6 de abril, lançou o quarto álbum de inéditas da carreira, 12 anos depois de Transfiguração (2006). Viagem ao Coração do Sol, o novo trabalho, foi celebrado como um retorno digno da banda, ainda com sua força sustentada por seus três pilares (as letras e narrativas de Lirinha, o violão sertanejo e provocador de Clayton Barros, e as percussões inebriantes de Nego Henrique, Emerson Calado e Rafael Almeida). O desafio era fazer com que a estética e a forma de compor do Cordel do Fogo Encantado fossem capaz de se adequar aos novos tempos. Lirinha conta ter se surpreendido, por exemplo, ao ver os conceitos pensados para o disco, como a ordem das faixas, por exemplo, criada para formar uma narrativa única, ser desmembrada pela nova cultura das playlists.

Para auxiliá-lo a estar sonoramente no presente, o quinteto convocou Fernando Catatau, guitarrista e líder da banda Cidadão Instigado, para a produção. Juntos, produtor e banda entenderam que os já citados três pilares do Cordel do Fogo Encantado deveriam se manter. O principal objetivo era, portanto, fazer com que os versos declamados e cantados por Lirinha fossem relevantes para o que se vive hoje no País. Aí surge o conceito da tal busca pelo coração do Sol do título do álbum. "É lá que mora a 'filha do ventot, a liberdade", explica Lirinha. O álbum tem uma coesão amparada pela narrativa iniciada em O Sonho Acabou, uma espécie de vinheta, narrada pelo vocalista, como de praxe na discografia do grupo. A partir daí, o Cordel apresenta uma história que mostra cinco personagens despertos em um mundo novo (o nosso?), em uma busca pela personagem que leva o nome de Liberdade. "E essa liberdade tem muitas interpretações", explica Lirinha, que segue: "E tomamos bastante cuidado para que não fosse somente um discurso sobre a liberdade nossa, individual, mas também sobre a liberdade nossa, como sociedade, como País".

Lirinha diz, também, que o Cordel do Fogo Encantado é fundamentalmente um grupo de palco. É ali que o grupo promove um transe, a partir do punch da percussão, do feitiço do violão de Clayton e da hipnose do vocalista. Desde o retorno, foram quatro apresentações - a primeira, em Salvador, há dois meses. Nesta sexta, 1.º, sábado, 2, e domingo, 3, a banda faz seu retorno a São Paulo, com três shows realizados no Sesc Pinheiros. "O nosso objetivo final é o show, o espetáculo. Quando nossas músicas se encontram com o público, uma outra coisa acontece", explica Lirinha.

CORDEL DO FOGO ENCANTADO

Sesc Pinheiros. R. Paes Leme, 195. Hoje (1º) e amanhã (2), às 21h; dom. (3), às 18h. R$ 15/R$ 50.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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