O auxílio prestado pela UFABC (Universidade Federal do ABC) à estudante Deborah Gonçalves Fabri, 20 anos, que perdeu a visão do olho esquerdo durante conflito em manifestação contrária ao impeachment, em 31 de agosto, é alvo de questionamento de grupo de alunos da instituição. O movimento denominado UFABC Livre entrou com representação junto ao MPF (Ministério Público Federal) pedindo que seja investigado o uso de recursos públicos para “atendimento pontual e particular de uma aluna que se encontrava fora das dependências da universidade e fora de período/horário letivo”.

A representação foi feita na Procuradoria de São Bernardo e distribuída à procuradora Fabiana Bortz. O documento está em fase de procedimento preparatório. Nesta fase, são solicitadas informações às partes para que seja decidido se inquérito será aberto. Até ontem, a universidade não havia sido notificada sobre o documento.

Conforme detalhamento de ações relacionadas ao atendimento prestado a Deborah, enviado pela UFABC aos estudantes, a instituição ofereceu psicóloga e enfermeira para os cuidados psicológicos e dos ferimentos, e também disponibilizou um veículo da universidade para buscar o pai da jovem no Terminal Rodoviário do Tietê, na Capital, já que a família da estudante mora em Minas Gerais. Segundo a UFABC, o gasto estimado com o auxílio teria sido de R$ 14,26, referente ao combustível utilizado no percurso.

Em sua justificativa, a instituição de ensino destacou que “as ações foram realizadas a pedido do pró-reitor de assuntos comunitários e políticas afirmativas, professor Fernando Costa Mattos, tendo em vista a gravidade da situação do ferimento da discente que, morando sozinha, longe da família, perdeu o globo ocular de forma trágica, revelando-se situação excepcional, humanitária e que justifica as ações realizadas”.

Já o grupo UFABC Livre discorda da atitude ao considerar que a aluna foi ferida longe cerca de 29 quilômetros do campus da universidade, fora do horário de aula e em atividade não relacionada com a instituição de ensino.

No fim da tarde de ontem, Deborah se pronunciou sobre o tema em sua página no Facebook. “Como deixar de lado a sua humanidade por causa da divergência política. Valor: R$ 14”, escreveu a jovem sobre o pedido de investigação protocolado no MPF.