Política Titulo Diadema
Aliados questionam
isolamento de Reali

Aliados do prefeito de Diadema (PT) iniciam pressão pela
agilidade de definições no bloco de sustentação na cidade

Por Raphael Rocha
do Diário do Grande ABC
27/02/2012 | 07:00
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Enquanto o PT de Diadema se ajusta internamente para encarar a campanha visando a eleição de outubro, aliados do governo Mário Reali (PT) iniciam pressão pela agilidade de definições no bloco de sustentação. Reservadamente, partidos que fazem coro à gestão petista mostram descontentamento com a falta de diálogo com a alta cúpula do Executivo neste ano. Apesar disso, continuam a indicar nomes para a vice do PT (veja reportagem abaixo).

Até 2011, o governo promoveu reuniões mensais com siglas aliadas, com intuito de montar núcleo capaz de absorver a maior quantidade possível de legendas. Além de composição majoritária, os encontros serviram para debates de construção de coligações proporcionais para ajudar vereadores a renovarem seus mandatos e a emplacarem nomes situacionistas na próxima legislatura.

As reuniões, no entanto, não tiveram prosseguimento em 2012. Muito porque o PT teve de lidar com questões internas antes de aprofundar negociações com os aliados. A principal celeuma petista é com relação ao pedido de prévias protocolado pela vereadora Irene dos Santos (PT) contra Reali. A requisição fez com que a direção partidária realizasse encontros municipais para traçar estratégias eleitorais para amenizar qualquer fissura no PT.

A ala de apoio a Irene, por exemplo, defende que haja restrições claras à entrada de outros partidos na administração municipal. O grupo quer indicação de candidato a prefeito e a vice oriundos do PT, diferentemente do que sustenta Reali, que já afirmou diversas vezes ser favorável à manutenção de Gilson Menezes (PSB).

Responsável pela articulação do governo, o chefe de Gabinete, Osvaldo Misso (PT), reconhece que o canal de diálogo ficou prejudicado por conta das definições petistas, mas que, em março, as conversas serão retomadas. "Teremos as reuniões dos delegados até o dia 3, quando teremos o nome do candidato a prefeito. Feito isso levaremos os debates até os aliados."

Coligações - A falta de reuniões com aliados provocou especulações no cenário eleitoral de Diadema. Apesar de declarar apoio ao PT, os dirigentes do PDT sofrem para controlar militantes que desejam firmar acordo com o ex-deputado tucano José Augusto da Silva Ramos. PSB, PCdoB e PMDB também vivem climas de incerteza, já que todos estão na corrida pela indicação do vice no bloco petista, mas não há sinalizações sobre quem será pinçado.

Outro rumor nos corredores do Paço é o de que o PT já teria encontrado partido para fechar coligação proporcional e, assim, aumentar o número de candidatos a vereador. Até 2008, os petistas faziam parceria com o PCdoB, que tem como expoente o presidente da Câmara, Laércio Soares. Mas o acordo foi desfeito após eleição para a presidência do Legisaltivo, em que Laércio derrotou Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), então mandatário da Casa.

A legenda que teria fechado proporcionalidade com o PT é o PSL. Porém, o presidente municipal da sigla, Marcos Germano, afirmou desconhecer o acordo. "Quem ficou responsável pela articulação com o PT foi o Paulo Milanesi (ex-DEM e que sairá candidato a vereador pelo PSL). E ele não me comunicou nada."

 

Para PR, Gilson não tem condições de ser vice

Após indicar o empresário Osvaldo Basso para ser vice na chapa majoritária do PT de Diadema, o PR decidiu apimentar a disputa pelo cargo. O presidente municipal da sigla, o ex-vereador José Carlos Gonçalves, afirmou que Gilson Menezes (PSB), atual detentor do posto, "não tem condições de ser vice" do prefeito Mário Reali (PT).

"O Gilson dedicou sua vida a Diadema, tem história. E merece todas as homenagens. Mas hoje ele não agrega mais à candidatura do Mário", disse Gonçalves. "Ele mesmo falou que é um jarro na Prefeitura. Mostra que não acrescenta tanto", emendou o dirigente, referindo-se à declaração dada por Gilson ao Diário em julho.

O líder do PR também questionou a escolha de outros nomes na corrida pela vaga: a vereadora Cida Ferreira (PMDB) e o secretário de Segurança Alimentar, Manoel José da Silva, o Adelson (PSB). "Nenhum deles agrega o tanto que o Osvaldo Basso pode agregar. A Cida é muito boa como vereadora e o Adelson não tem respaldo total em seu partido. O prefeito não pode apostar em alguém que nem em seu partido é consenso", avaliou Gonçalves.

A cúpula do PR pretende se reunir com Reali nesta semana para convencer o alto escalão do governo a escolher Basso. A intenção é ressaltar o ramo empresarial do republicano como trunfo para aproximar o setor da administração, podendo até irrigar financeiramente a campanha eleitoral. O candidato à vice estaria até articulando a vinda de um supermercado para Diadema como forma de sensibilizar o prefeito a indicá-lo.

O principal entrave, porém, está no bloco de aliados do governo. Basso não tem respaldo dos demais partidos de sustentação e terá forte concorrência para conquistar o posto. Além de Gilson, Adelson e Cida, o presidente da Câmara, Laércio Soares (PCdoB), o ex-prefeiturável Ricardo Yoshio (PDT) e até o vereador João Pedro Merenda (PPS) estão no páreo pelo cargo.

Chapa pura - Apesar de todas as movimentações dos aliados para conseguirem a indicação da vice, o PT continua discutindo a possibilidade de chapa pura. Para Gonçalves, se os petistas optarem pela legenda exclusiva, há possibilidade de debandada no arco de alianças.

O chefe de Gabinete da Prefeitura, Osvaldo Misso (PT) - cotado para ser vice de Reali -, garantiu que toda a formação do projeto passará por avaliação prévia dos aliados. "Não vamos fazer nada unilateral. Vamos discutir o que for melhor para a candidatura."

 

PDT quer Yoshio para ocupar a vaga

O PDT de Diadema decidiu entrar na briga pela indicação do candidato a vice na chapa capitaneada pelo prefeito Mário Reali (PT). O ex-vereador e ex-prefeiturável Ricardo Yoshio, recém-filiado à sigla trabalhista, está entre os políticos que querem substituir Gilson Menezes (PSB) na vice-prefeitura.

Em 2008, pelo modesto PMN, Yoshio conquistou 13.421 votos, potencial eleitoral que o fez um dos principais cobiçados antes das definições de partidos, em outubro. O ex-vereador negociou com o ex-deputado tucano José Augusto da Silva Ramos e também com Lauro Michels, pré-candidato ao Paço pelo PV. Mas optou por acolher o projeto que o governo lhe oferecera: ser o expoente do PDT no município.

O ex-prefeiturável tem apoio de alguns vereadores, fato que poderia impulsionar sua candidatura à vice. Nos corredores da Câmara o que se comenta é que Yoshio é o mais capaz de aglutinar forças pelo perfil sereno e por sua densidade eleitoral. Além disso, por ter sido vereador entre 2005 e 2008 - juntamente com a maioria da atual legislatura -, os parlamentares veem nele um canal de diálogo constante entre Executivo e Legislativo.

O presidente do PDT de Diadema, Américo Nicollatti, reconheceu que há planos para indicar Yoshio como vice de Reali. Mas a primeira condição é que Gilson seja descartado oficialmente pela cúpula petista para se manter no posto. "O PDT apoia o Gilson. Caso ele não seja escolhido, vamos apostar no Ricardo Yoshio."

A celeuma pedetista, porém, será com relação ao projeto de conquistar cadeiras na Câmara. Yoshio chegou à legenda com compromisso de ser o principal puxador de votos do PDT, que estima eleger pelo menos dois vereadores. Com ele no campo majoritário, o partido poderia encontrar dificuldade em emplacar parlamentares na Casa.

Reali já declarou vontade de ter seu vice definido em abril. O prazo para homolagação das candidaturas, segundo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), é junho.




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