A união de fiéis católicos marcou as celebrações de Corpus Christi, ontem, por toda a região. Como de costume, a comunidade se organizou para a confecção dos tradicionais tapetes coloridos que exaltam o sacramento da eucaristia, considerada corpo e sangue de Cristo.

Em Ribeirão Pires, 500 pessoas se juntaram às 8h na frente da Paróquia São José, no Centro Alto, para dar início à montagem dos tapetes, que têm serragem colorida como principal matéria-prima. O ato é tradição há pelo menos cinco décadas no local, segundo o integrante da equipe de Liturgia José Edvaldo Freire Pinto, 60 anos.

Porém, com o passar do tempo, a prática vem sendo limitada devido às questões financeiras. O tapete, que em 2004 chegou a ser o maior do Grande ABC, com 1,2 quilômetro de extensão, neste ano ficou com 150 metros. “Esse é segundo ano que diminuímos o tamanho. Antes, as serragens eram doadas pelas serrarias, agora é vendida. Cobram pelo menos R$ 1 por saco. Utilizamos muito material que estava guardado de 2015”, contou Freire Pinto.

Para a confecção da passagem, foram usados 1.500 quilos de serragem. “Outro problema que tivemos foi com a entrega da pigmentação que havíamos encomendado e que, por algum problema nos Correios, não chegou. O jeito também foi aproveitar o que sobrou do último ano”, comentou o católico, acrescentando que, para 2017, a ideia é utilizar sal grosso tingido para a montagem.

Os obstáculos, no entanto, não são maiores que a fé e a força de vontade dos paroquianos. Jonathan Pereira dos Santos, 11, acompanhado dos pais e dois irmãos, ajudou na composição de parte do tapete. “É um momento para a família ficar unida”, considerou. Às 15h, foi celebrada missa, seguida de procissão, que percorreu oito ruas próximas.

O município de Mauá seguiu sugestão passada pelo bispo da Diocese de Santo André, dom Pedro Carlos Cipollini, durante visita pastoral, de juntar as dez paróquias da cidade em única celebração, na Avenida Portugal, no Centro. No palco montado na área, foi realizada missa, que atraiu, aproximadamente, 5.000 pessoas. Um tapete de 100 metros de comprimento foi produzido por jovens das paróquias, que chegaram ao local às 3h.

“O sentido teórico da eucaristia, celebrada no Corpus Christi, é a união. Nesse encontro, colocamos isso em prática”, ressaltou o padre Antônio Borges Mesquita, da Paróquia São Luiz Gonzaga, do Jardim Paranavaí.

Em Santo André, por volta das 7h30, fiéis de sete paróquias da região central iniciaram procissões em direção à Catedral do Carmo, no Centro. No local, todas as comunidades se reuniram na parte externa da igreja para acompanhar de perto a missa celebrada pelo bispo Dom Pedro Carlos Cipollini. A organização estimou que cerca de 2.000 pessoas participaram da celebração. Já a Polícia Militar calculou cerca de 600.

Durante a homilia, Dom Pedro reforçou a simbologia da data. “O Corpus Christi é o momento de celebrar a festa da união. Acompanhei a procissão da Paróquia São Judas Tadeu (no bairro Campestre) e, vendo as demais caminhadas, é possível destacar como a data consegue fortalecer todos nós católicos.”

O tapete montado em frente à Catedral do Carmo foi confeccionado com peças de roupas doadas pelos fiéis. As vestimentas serão destinadas às comunidades carentes da cidade em forma de doação. “Corpus Christi é uma data que traz paz. Lembrar da simbologia conforta e nos aproxima da igreja”, declarou a servente de escola Marlene dos Santos Matos, 58.

No Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em São Bernardo, a cerimônia foi marcada pela procissão que reuniu aproximadamente 500 fiéis pelas principais vias do bairro Pauliceia. Tapete com cerca de 15 metros de comprimento também foi destaque. “A procissão e montagem do tapete atrai muitos jovens que estavam se afastando da comunidade. Hoje, vemos muitos aqui celebrando o corpo de Cristo”, observou o autônomo Roni Rosse, 46.

Em São Caetano, a celebração católica ocorreu na Praça Cardeal Arcoverde, em frente à Igreja Matriz Sagrada Família. A cerimônia reuniu aproximadamente 1.000 fiéis.