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Seci vence em Sto.André com o mesmo samba da Taí
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
10/02/2005 | 13:55
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A Seci conquistou quarta-feira o título do Carnaval de Santo André com o mesmo desfile apresentado pela Acadêmicos do Taí, de São Bernardo, na segunda-feira. As duas saíram na avenida com as mesmas fantasias e mesmo samba-enredo, que conta a história das máscaras. Com alas idênticas, o personagem Zorro, por exemplo, apareceu nas duas cidades; a roupa vermelha e branca das baianas, também. O carnavalesco que assina os dois desfiles é Fernando Negreiro, falecido em novembro e homenageado pela agremiação de Santo André. Depois da apuração de quarta-feira, o presidente da Seci, Edvaldo Jatobá de Lima, dedicou a vitória a Negreiro.

O regulamento do Carnaval de São Bernardo, segundo a assessoria da Federação das Escolas de Samba da cidade, não prevê nenhum tipo de punição para a agremiação que apresenta o mesmo desfile de outra fora do município. Portanto, a Taí ainda tem chances de se sagrar campeã. Nenhum diretor da Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André) foi localizado quarta-feira à tarde para comentar o caso. Assim como os representantes da Taí e da Seci.

A vitória de quarta-feira da Seci foi comemorada pelos intengrantes como bicampeonato do Carnaval de Santo André. A escola acabou de subir ao Grupo Especial – foi a campeã do Grupo B de 2004 – e já colocou a mão na taça de novo. A conquista quebrou a hegemonia do Ocara Clube, que entrou na avenida Firestone como favorita e saiu do ginásio Pedro Dell’Antonia quarta-feira à tarde como vice. Os integrantes da Seci chegaram aos prantos ao final da apuração e dedicaram o título a Negreiro.

“Tudo saiu do jeito que ele queria. Do jeito que ele nos ensinou”, comemorou Lima, o presidente da Seci. A escola cantou o tema Coloquei, tirei, mas quem sou, eu sei e transformou em samba a história das máscaras. Os quatro carros alegóricos e as 10 alas mostraram mascarados de várias épocas, desde os egípcios, passando pelos bruxos, até os tradicionais foliões da festa mais popular do país. Há oito anos não desfilavam no grupo especial e, em 16 anos de fundação, é a segunda vez que conquistam o primeiro lugar.

Para a diretora da Seci e mulher do presidente da agremiação, Nalva de Lima, a conquista vai além da justa homenagem a Negreiros. O título brinda a dedicação da comunidade, que conseguiu encantar o público da Firestone apesar dos parcos recursos e da total falta de estrutura. “Não temos nem quadra para ensaiar. Não havia sequer onde guardar as fantasias. Fizemos um Carnaval na raça.” A escola ensaiou num terreno emprestado pela Prefeitura no Parque Novo Oratório e fez vaquinha para comprar uma lona que protegesse os foliões da chuva.

O Ocara Clube, campeã do ano passado, tentava a terceira vitória consecutiva este ano. Não deu. A escola perdeu dois pontos preciosos no quesito alegoria porque esqueceu uma camiseta pendurada na traseira de um dos carros alegóricos. “Um descuido banal como esse nos tirou a vitória. Só tenho a lamentar”, comentou o decepcionado presidente do Ocara, Ademar de Barros. A Leões do Vale, agremiação que mais empolgou a platéia no desfile de domingo, ficou com o quarto lugar.

A Mocidade Independente de Cidade São Jorge fez uma apresentação fraca e foi rebaixada ao Grupo B. A escola enfrentou problemas durante o desfile, entre eles o fato de um dos carros alegóricos ter empacado bem na frente dos jurados depois de quase bater na grade de proteção. Os componentes da São Jorge entraram de luto na Firestone, em homenagem ao ex-presidente da escola, José Carlos Lopes, assassinado momentos antes de a agremiação entrar na avenida no ano passado. A atual presidente, Eliana Aparecida Braida Reis, reconheceu as limitações ao cruzar a passarela no domingo. “Estamos retomando. Aos poucos.”

Beleza – Se algumas escolas saíram de cara feia do ginásio Pedro Dell’Antonia, o mesmo não se pode falar da Beleza Pura. A agremiação caiu para o rol de acesso no ano passado e este ano levou o troféu de campeã do Grupo B. “Estamos de volta. Foi uma lição para a gente. No ano passado, caímos porque entramos na avenida de salto alto. Dessa vez, entramos com humildade e saímos com o título”, avaliou o presidente Vicente Carlos Rodrigues da Silva.

A Beleza apostou num tema polêmico para voltar à elite. A agremiação contou a história de Xica da Silva, a escrava que ganhou status de rainha nos tempos do Brasil Colônia em Minas Gerais. Fechou o primeiro dia de desfiles, no sábado. O público que ficou até as 3h não se arrependeu. A bateria da escola e os integrantes eufóricos contagiaram os foliões.



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