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Verba da Câmara custeou Natal Iluminado de 2016

Dinheiro devolvido pelo Legislativo foi usado para pagar evento suspeito da Aciscs em São Caetano

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
27/10/2019 | 07:00
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Montagem/DGABC


 O governo do ex-prefeito de São Caetano Paulo Pinheiro (ex-MDB, atual DEM) recorreu a recursos da Câmara para custear o Natal Iluminado de 2016, em convênio com a Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano), então administrada pelo advogado Walter Estevam Junior (Republicanos).

O Diário teve acesso a documentos de movimentação financeira realizada no dia 21 de novembro de 2016 para bancar o projeto. O Natal Iluminado era aposta da entidade para fomentar as vendas no período de festas. Demandou R$ 1,2 milhão, sendo R$ 1 milhão de recursos da Prefeitura. O convênio é alvo de apuração do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e de CPI no Legislativo.

Nesse dia, o Executivo registrou devolução de R$ 1 milhão do duodécimo da Câmara. À época, a casa era presidida pelo ex-vereador Paulo Bottura, que em 2016 não conseguiu se reeleger. Horas depois, houve suplementação dessa quantia ao orçamento – o que demonstra que, inicialmente, o projeto não estava previsto na peça orçamentária em vigência.

Na sequência, a Prefeitura confirma que o dinheiro estornado do Legislativo havia sido direcionado para o convênio do Natal Iluminado com a Aciscs. Ou seja, no mesmo dia o governo recebeu a verba da Câmara, abriu espaço no orçamento e pagou o R$ 1 milhão para a associação comercial.

É comum que os legislativos devolvam parte do recurso a eles destinados constitucionalmente pelo Executivo para que a administração possa pagar fornecedores em atraso em áreas vitais ou servidores públicos. Outra situação fora do usual da administração pública é a rapidez com que a movimentação financeira foi realizada para um programa que não envolva casos de urgência.

Ao Diário, Pinheiro e Estevam não retornaram aos contatos sobre o episódio.

SOB SUSPEITA
O convênio entre a Prefeitura de São Caetano e a Aciscs para o Natal Iluminado de 2016 levantou suspeitas de comissão especial montada na Secretaria de Desenvolvimento Econômico devido a falhas na prestação de contas na gestão Estevam na associação.

O balancete foi reprovado pelo bloco, que encaminhou a situação para análise do TCE. Alguns itens chamaram atenção dos técnicos que analisaram as planilhas, como uso de recursos públicos para pagamento de refeições regadas a chope e a terceirização dos serviços para uma empresa do Rio de Janeiro – a VBX Light Indústria, Comércio e Serviços Decorativos.

Esses fatos fizeram com que a Câmara decidisse instaurar CPI também para analisar o episódio. Os passos mais recentes da comissão, formada por Tite Campanella (Cidadania), Olyntho Voltarelli (PSDB) e Jander Lira (PP), foi de buscar documentação de empresas que participaram do processo de seleção da terceirização das atividades. O trio aguarda o envio de toda documentação das firmas questionadas.




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