Setecidades Titulo Mobilidade Urbana
Mortes no trânsito caem 21%

Acidentes viários também caíram; para especialista,
radares e Lei Seca contribuem, apesar de frota maior

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
27/01/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O número de mortes ocasionadas por acidentes de trânsito caiu 21,3% no Grande ABC em 2015 em comparação com o ano anterior, segundo dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública). O registro de ocorrências viárias também teve queda de 30,2% no período, conforme as prefeituras. Diante do crescimento da frota, que no ano passado chegou a 1,7 milhão de veículos na região, especialista credita à instalação de radares e à Lei Seca a diminuição dos índices, e não ao investimento em infraestrutura das prefeituras, que foi nulo nesta gestão, conforme o Diário denunciou em reportagem no domingo.

Segundo os índices da SSP, foram 125 vítimas fatais no ano passado, contra 159 ocorrências em 2014. Os dados levaram em consideração os casos de homicídio doloso e culposo por acidente viário.

Apesar da redução de 33,8% em seus índices, São Bernardo registrou no ano passado o maior número de óbitos. Foram 71 em 2014, contra 47 registros no ano passado.

Santo André, por sua vez, teve em 2015 26 mortes, mesmo número de 2014.

Já São Caetano e Mauá apresentaram queda de 20% (de 5 para 4 ocorrências) e 35% (de 20 para 13 casos), respectivamente.

Somente Diadema e Rio Grande da Serra tiveram alta em seus índices. Enquanto o primeiro município elevou os números em 16,67% (saltando de 18 para 21 casos), o segundo apresentou alta de 50% (foram dois casos em 2014 ante três em 2015).

Já o número de acidentes foi fornecido pelas prefeituras do Grande ABC. Ao todo, foram 11.290 ocorrências em 2015 em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá, contra 16.179 no ano anterior. Se levado em conta o registro total apresentado pelos municípios, a região teve média de 31 acidentes viários por dia. Por hora são contabilizadas, em média, 1,2 ocorrência no departamento de trânsito de cada cidade. Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não disponibilizaram os dados.

Os acidentes sem vítimas foram responsáveis pelo maior número de ocorrências nos municípios. Ao todo, foram 7.953 casos em 2015. O índice é 30,16% menor que o registrado em 2014, quando foram 11.387 registros. Os acidentes com vítimas também apresentaram queda de 28,85%. No ano passado, foram 2.950 casos e em 2014, 4.146.

Para o chefe do departamento de Medicina de Tráfego da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues Alves Júnior, apesar de os dados indicarem redução, ainda são preocupantes. “Os índices refletem ações que foram colocadas em prática pelos governantes, como a Lei Seca e a intensificação da fiscalização por radares e agentes na rua, mas mesmo assim são muitas mortes. O Brasil provavelmente vai chegar daqui a quatro anos sem atingir a meta da ONU (Organização das Nações Unidas), que é reduzir em 50% o número de óbitos por acidentes de trânsito entre 2010 e 2020.”

Segundo o especialista, o alto número de mortes pode ser atribuído à fragilidade do sistema de educação de trânsito. “Infelizmente o motorista vai para rua com uma noção mínima de conhecimento do sistema. O código de trânsito precisa mudar isso. É necessário que essa educação seja passada no ensino básico, pois dessa maneira é possível formar motoristas e pedestres conscientes. Se continuar do jeito que está e com a frota aumentando cada vez mais, a situação pode se agravar, até porque os condutores que estão se formando hoje não tem noção do veículo que dirigem”, avalia.

 

Gestores cobram soluções do Estado

 

Para prefeitos e secretários da região, a falta de empenho do Estado em oferecer suporte para a integração do transporte público tem dificultado ações que consigam, na prática, desafogar os congestionamentos de vias do Grande ABC, que no ano passado atingiu a marca de 1,7 milhão de veículos.

Segundo os gestores da região, a instalação de faixas exclusivas para ônibus e investimentos realizados em toda a frota de transporte público não têm sido suficientes para mudar o atual cenário. “Ainda falta uma política do Estado para que a integração dos ônibus não pare nas fronteiras das cidades. O que se nota é que não estão preocupados com isso. Exemplo é a situação da Área 5, que está parada há anos”, relata o secretário de Transportes de Diadema, José Carlos Gonçalves.

Segundo o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB), sem o investimento do Estado na integração, as ações dos municípios para melhorar o sistema ficam limitadas. “O que podemos fazer dentro da cidade, fazemos. Pavimentamos ruas, investimos nas estruturas dos ônibus, mas nossa realidade é que muitos moradores trabalham em outras cidades.”

Enquanto o Estado não realiza ações nesse sentido, prefeituras investem em soluções caseiras. “Acreditamos que com os novos terminais e a readequação das linhas, muitas pessoas vão optar pelo transporte público”, afirmou o secretário de Mobilidade Urbana de Mauá, Azor Albuquerque,

Já o prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), ressaltou as obras de alargamento da Avenida Brasil.  




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