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Moinho Fanucchi é implodido em Santo André
Samir Siviero
Da Redaçao
08/10/2000 | 19:49
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Durou apenas três segundos a implosao do navio onde funcionou a empresa Moinho Fanucchi Cia. Brasileira de Moagem, na avenida Queirós dos Santos, no bairro Casa Branca, em Santo André. A implosao, realizada domingo às 9h03 pela empresa CDI (Construçao, Desmonte e Implosao), de Sao Paulo, derrubou o prédio construído em 1936, que tinha uma arquitetura inovadora para a época, segundo a arquiteta Denise Tonello, que estudou o moinho.

As 8h, as ruas vizinhas foram fechadas. As 9h03, o engenheiro da CDI responsável pela açao, Manoel Jorge Dias, acionou o dispositivo que implodiu o prédio. Em três segundos, a história do Moinho Fanucchi foi ao chao.

Com a utilizaçao de 25 kg de um explosivo gelatinoso à base de nitrato de amônia e nitroglicerina, a implosao foi perfeita, segundo Dias. "Uma parte que ligava o prédio derrubado ao silo ficou presa, mas está dentro do que prevíamos e nao representa perigo. Quando trouxermos as máquinas para demolir o silo (construçao utilizado como depósito de cereais), essa parte será derrubada sem problemas."

Logo após a implosao, outro prédio no terreno foi demolido por uma máquina da CDI, mesma empresa que implodiu o Palace 2, no Rio de Janeiro. Para a derrubada do silo, ainda nao está definido se será necessária nova implosao, mas a hipótese nao foi descartada. Nessa semana, a CDI definirá qual a melhor opçao.

A implosao atraiu cerca de 100 pessoas ao local, entre elas a família de Millo Barbieri Filho, presidente da Plásticos Mauá, proprietária atual da área, que ficou impressionado com a açao. "É como a morte; uma história construída em vários anos derrubada em segundos. Infelizmente, o prédio estava condenado e nao tínhamos outra opçao senao essa", disse Millo.

O vigia Marcos Roberto da Silva veio de Mauá com a mulher, Kátia Cristina da Silva, só para ver a implosao. "Ainda bem que nao perdi a viagem. A implosao foi bonita, mas deu a impressao de que tudo iria explodir junto", contou Kátia.

A açao envolveu profissionais da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Instituto de Criminalística, Defesa Civil (que aproveitou a implosao para treinar seu pessoal), Prefeitura, Comgás (Companhia de Gás de Sao Paulo) e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), entre outros.

História - Em 1936, o prédio foi construído por Argante Fanucchi e Joao Uliengo, que pouco tempo depois vendeu sua parte na sociedade para o Moinho Sao Jorge. Em 1996, a família Fanucchi vendeu sua parte ao Moinho Sao Jorge, que logo em seguida revendeu o terreno para a empresa Plásticos Mauá, que fica no prédio vizinho.

A arquiteta Denise Tonello nao acompanhou a implosao, mas lamentou a derrubada do prédio. "Os fundadores do empresa contrataram uma empresa de Sao Paulo para realizar o projeto do prédio, que deveria ter o formato do casco de um navio. Para a época, o prédio era realmente diferente. É uma pena ter terminado desse jeito."

O único filho vivo do fundador do moinho, Osvaldo Fanucchi, 83 anos, nao quis presenciar a implosao. "Me corta o coraçao saber que o prédio onde passei grande parte da minha vida virou entulho. Imagina, entao, ver isso de perto. Acho que nao agüentaria."

O presidente da Plásticos Mauá disse que ainda nao definiu o que será construído no terreno, mas afirmou que a principal intençao é expandir a empresa.




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