Economia Titulo Inaugurado
Mauá ganha espaço para reciclagem
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
06/12/2012 | 07:00
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Depois de passar por capacitações para aprender o ofício de separar materiais recicláveis por tipo de componente, manusear máquinas que prensam as embalagens e gerir uma cooperativa, 20 catadores de Mauá se uniram para compor a Coopercata (Cooperativa de Catadores) e comemoraram a inauguração da Central de Triagem de Materiais de Reciclagem, realizada ontem.

É lá que eles vão trabalhar a partir de hoje, deixando de se dedicar exclusivamente à coleta de lixo nas ruas da cidade. Sai de cena o carrinho e entra a parceria com a Prefeitura para realizar a coleta porta a porta, em que caminhões-baú ficarão localizados estrategicamente para receber as sucatas, explica o coordenador de Meio Ambiente da secretaria homônima, Valentim Caetano Filho. Além disso, todo o lixo reciclável que a administração municipal recolher em empresas e condomínios que separam orgânico de reciclável seguirá para o local. Mauá também conta com 170 pontos de entrega voluntária.

O terreno da central de triagem, situado no Jardim Capuava, foi cedido pela Prefeitura. A estrutura, de 900 metros quadrados, contou com o investimento de R$ 1,4 milhão da Braskem. A petroquímica tomou recursos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para ampliar a Unidade de Petroquímicos Básicos do polo e, como contrapartida social exigida pela entidade, investiu no projeto. "Nossa matéria prima, o plástico, é 100% reciclável. Mas, para que esse processo seja feito, é preciso que a coleta seja realizada corretamente", aponta Flávio Chantre, gerente de relações institucionais São Paulo da Braskem.

GUINADA - Com a mudança na atividade desempenhada, os catadores também esperam melhora de vida. Segundo Denise Rocha da Silva, eleita a tesoureira da Coopercata, em um dia bom é possível vender sucata e receber entre R$ 25 e R$ 30. "Isso se eu fizer o porta a porta todos os dias com a menina que me ajuda. No fim do mês conseguimos entre R$ 700 e R$ 800, que temos que dividir para as duas." Na central, ela almeja que cada um ganhe pelo menos um salário-mínimo (R$ 622). Isso porque, em vez de atuarem com os atravessadores, a exemplo de ferro-velhos e empresas que intermedeiam a venda e repassam o material para aquelas que realmente se utilizam do reciclável, os catadores terão acesso direto à fonte.

Conforme explica o secretário de Trabalho e Renda de Mauá, Marcelo Lucas Pereira, a venda às companhias compradoras será proporcionada por parceria entre a Secretaria Nacional de Economia Solidária e as prefeituras de São Bernardo, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires, a partir do convênio de R$ 2 milhões, sendo R$ 1,9 milhão concedido pelo governo federal e R$ 100 mil pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Os recursos, de acordo com a diretora do departamento de economia solidária da Secretaria de Trabalho e Renda, Marta Medeiros, estão sendo aplicados nas oficinas oferecidas aos catadores e na aquisição de equipamentos. "Ao todo, contabilizamos 200 catadores organizados nas quatro cidades e 600 avulsos, que trabalham com o carrinho. Em Mauá, os organizados somam 30." A Coopcent ABC, cooperativa central que representa a região, é a executora do projeto e vai fazer a intermediação das vendas, conta Marta.

Em 2014, resíduos sólidos não mais poderão ir aos lixões

Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos do governo federal, em 2014 o lixo não mais poderá ser despejado nos lixões, por conta da superlotação e da intenção de implementar ações de desenvolvimento sustentável no País. Por isso, destaca o gerente de relações institucionais São Paulo da Braskem, Flávio Chantre, é essencial que os catadores aprendam a diferenciar os materiais recicláveis, já que cada um tem um preço e, separados, são mais valorizados. "Ensinamos a diferenciação entre polipropileno, polietileno e PVC", conta. "E contratamos consultoria para acompanhar o trabalho deles pelos três primeiros meses."

A capacidade inicial da central de triagem é de 50 toneladas por mês e, conforme mais catadores forem se unindo à Coopercata (há espaço para mais 40), será possível processar 250 toneladas. Segundo a tesoureira da cooperativa, Denise Rocha da Silva, os primeiros clientes da iniciativa são Tetra Pak (que, inclusive, emprestou prensa e balança à central) e Susano.

 

 




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