Economia Titulo Veículos
Maior competitividade é grande desafio do setor automobilístico
Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
13/01/2014 | 07:51
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Andrea Iseki/DGABC


Agilidade, força, eficiência, estes são alguns dos atributos mais valorizados nos veículos atualmente e também são os mais desejados pela indústria automobilística brasileira. “O maior desafio hoje é estabelecer política que garanta maior competitividade ao setor”, diz o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan.

O dirigente aponta que existem fatores internos e externos ao setor que limitam sua capacidade de competir em escala internacional e que afetam a produtividade dentro e fora das fábricas. “Os custos dos insumos são entre 30% e 35% mais altos no Brasil”, aponta Moan. “Além disso, em cada veículo produzido existe 8,85% em impostos não compensáveis”, diz. “Há ainda o desafio do custo da mão de obra. E quando digo isso não, não falo de salário dos funcionários”, completa, indicado a carga tributária para manter um funcionário.

Para superar esses desafios, o presidente da Anfavea diz contar com o programa Exportar-Auto, que consiste em conjunto de 60 sugestões do setor ao governo. “Se aplicadas à cadeia produtiva, essas medidas devem tornar a indústria mais apta a competir globalmente”, explica Moan.

PERFORMANCE

O fato é que na última década o Brasil perdeu espaço como exportador. Em 2005, foram exportados 970 mil veículos. Em 2013, apenas 563 mil.

No mesmo período, a produção cresceu continuamente graças à evolução do mercado interno. Em 2013, a produção, de 3,7 milhões de unidades, foi recorde e representou crescimento de 9,9% em relação a 2012.

No entanto, as vendas não acompanharam esse ritmo. Maior restrição ao crédito e o endividamento alto da população fizeram com que o número de emplacamentos fosse apenas 1,5% maior que no ano anterior.

Por isso, o resultado das exportações, que cresceram 26,5% entre 2012 e 2013, foi especialmente animador.

Mas, a despeito do resultado positivo, o setor ainda está longe dos resultados de exportação do passado. Fatores como custos de produção acima de outros mercados, forte diferença de preços na aquisição de matéria-prima, tributação, questões cambiais e problemas de infraestrutura, transporte e logística estão entre as razões apontadas pelo setor para tamanho encolhimento das exportações. “Nossa meta é chegar a 1 milhão de veículos exportados em 2017”, afirma Moan. “Mas, para isso, precisamos resolver esses pontos que fazem parte do Exportar-Auto.”

PROPOSTAS 

As medidas sugeridas pelo Exportar-Auto estão baseadas em cinco eixos estratégicos: tributação, financiamento e garantias às exportações, custos trabalhistas, logística e facilitação ao comércio – com simplificação de processos aduaneiros para gerar maior agilidade e menores custos – e acordos preferenciais de comércio. Especialmente neste último quesito, a disposição do governo em agir é decisiva.

Moan diz que nas duas apresentações do programa feitas no MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e no Ministério da Fazenda, sentiu boa permeabilidade aos argumentos do setor.

“Estamos ainda no primeiro momento, que é o convencimento técnico de que as medidas são boas para o setor. Já percebemos que as sugestões que envolvem desoneração não estão encontrando terreno fértil, mas há muitas outras que não envolvem questões tributárias”, avalia Moan.

Se o Exportar-Auto for para frente, a expectativa é aumentar a geração de divisas para o País, reduzir o índice de ociosidade da indústria e alcançar superávit na balança comercial do setor, que tem ficado negativa. “Exportar 1 milhão de unidades será fundamental em 2017, quando teremos capacidade produtiva mais elevada após a conclusão dos investimentos já anunciados pelos fabricantes que totalizam atualmente mais de R$ 75 bilhões”, diz Moan.

Demanda pelo motor 1.4 passa por expansão

As vendas não mentem. Em 2013, a participação dos automóveis com motor 1.0 diminuiu. Em 2012, esse tipo de motorização detinha 41,7% do mercado brasileiro. Ano passado, representaram apenas 39,9% das vendas. Os carros com potência 2.0 ou maior também sofreram redução e passaram a representar apenas 0,6% das vendas.

Já os automóveis com motor dentro do intervalo entre 1.0 e 2.0 ficaram com a parte do leão do mercado: 59,5%. “Hoje, o 1.4 é o carro do brasileiro”, afirma a economista Tereza Fernandes, da MB associados, consultora da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). “Por isso, a tendência é a desaceleração das vendas dos 1.0”, pontua  a especialista, que vê essa preferência como sinal de amadurecimento do consumidor combinado ao aumento de renda da classe média.

A opção por carros flex (bicombustível) também é cada vez mais clara. Em 2013, 88,5% das vendas foram de veículos com motores que geram combustão por álcool ou gasolina. Os movidos  só a gasolina ficaram com 5,3% e os a diesel, 6,2%.

A busca por importados também está decrescendo. Em 2013, o número de licenciamentos de carros produzidos fora do País diminuiu 10,3% em relação a 2012. Mesmo assim, o número de importados emplacados ficou em 706.864. Os custos de importação e a valorização cambial contribuíram para a redução.             




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