A Secretaria Estadual da Saúde abriu segunda-feira sindicância para apurar um suposto erro médico no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. No último dia 6, o cabeleireiro Thiago Lopes, 24 anos, ficou paralítico após uma sessão de quimioterapia.

O rapaz possui câncer no pescoço e vinha fazendo tratamento desde abril deste ano, quando detectou a doença. Mas uma provável falha na aplicação do medicamento – que deveria ser feita na veia e não na coluna – causou complicações no estado de saúde do paciente. Segunda-feira, ele foi encaminhado à UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital, em estado grave.

De acordo com a assessoria de imprensa da secretaria, a diretoria do hospital só deverá se pronunciar sobre o caso quando a investigação for concluída, o que poderá se estender por até 90 dias.

Porém, a família da vítima diz que a equipe médica reconheceu a falha. “Eles me pedem desculpas todos os dias. Admitem o erro, mas não conseguem reverter o quadro. Dizem que a culpa foi da equipe toda”, diz a mãe de Thiago, Denise Aparecida Sujkowski, 43 anos, que registrou segunda-feira um boletim de ocorrência no 1º DP de Santo André.

Thiago foi internado no dia 21 de agosto para a terceira fase da sessão de quimioterapia. O problema ocorreu no último dia 6, quando faltava apenas uma aplicação para ele voltar para casa. “Colocaram o remédio certo no lugar errado”, afirma a mãe.

Segundo Denise, ao invés de injetarem a medicação da quimioterapia na veia, como de costume, aplicaram o líquido na coluna – procedimento conhecido como intratecal.

“Meia hora depois, perceberam o erro e o levaram direto à sala de cirurgia, para fazer uma lavagem na espinha. Mas o organismo dele já havia absorvido a medicação. Ele ficou paralítico da cintura para baixo e agora está perdendo os movimentos de cima também”, conta Denise.

A avó de Thiago, Maria Aparecida Sujkowski, 63 anos, confirma a falha. “Ele estava bem. Andava, comia e dizia que ia ficar bom. Agora, estão falando até em entubá-lo, porque parece que o pulmão dele também está perdendo os movimentos. Mesmo assim, ele está tranqüilo.”