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Vl.Vivaldi tem ONG premiada

Vencedor do Prêmio Volkswagen na Comunidade 2014, Núcleo de Apoio ao Pequeno Cidadão atende crianças e adolescentes do bairro

Renato Cunha
Especial para o Diário
13/12/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O Núcleo de Apoio ao Pequeno Cidadão é uma ONG (Organização Não Governamental) sem fins lucrativos, fundada em 2002 com a missão de realizar ações socioeducativas com crianças e famílias em situação de vulnerabilidade de São Bernardo. A Vila Vivaldi abriga a sede da instituição e oferece atividades para crianças de 6 a 14 anos.

A coordenadora de projetos da ONG, Valquíria Moraes, explica como são feitos os trabalhos. “Temos dois horários para as crianças. As que estudam à tarde vêm para cá no período da manhã, tomam café, fazem as atividades e depois vão para a escola. Já as que frequentam a escola no período matutino vêm à tarde, almoçam, fazem atividades e tomam lanche antes de ir embora”, explica.

Valquíria ressalta ainda que são desenvolvidas diversas atividades enquanto as crianças permanecem no espaço. “Temos oficinas de skate, música, dança, artes, além da rádio, que fez com que ganhássemos o Prêmio da Fundação Volkswagen neste ano. Além de termos sido premiados três vezes pelo Itaú Unicef.”

As ações da ONG se estenderam para outras localidades, mas por iniciativa das próprias crianças, relata a coordenadora. “Os alunos quiseram levar as ações para as escolas da região. Na verdade, o núcleo não tem mantenedor, somente algumas empresas doam coisas essenciais como móveis, alimentos e equipamentos, e arrecadamos dinheiro com eventos, bazar, bingo, entre outras atividades. Em 2015, vamos procurar alguém para ajudar mensalmente”, adianta.

Thainá Elói, 16 anos, foi aluna do Núcleo de Apoio ao Pequeno Cidadão e conta um pouco de sua história no projeto. “Entrei aqui com 13 anos. Fazia rádio, skate e também o jornal. Meu preferido sempre foi o rádio. As oficinas me ajudaram a falar melhor, por exemplo”, confessa.

Ela também comenta sobre a convivência com os colegas. “Aqui a gente é como uma família. Criamos amizades, saí, mas ainda continuo aqui de coração.”

Valquíria relata ainda que o começo da instituição foi inusitado. “Iniciei na garagem do meu consultório, mas quando o projeto cresceu, tivemos que procurar parcerias para ter um espaço maior”, lembra. Ela descreve a emoção de ver os alunos evoluindo. “Você percebe que eles descobriram que são bons, isso muda muita coisa. A autoestima melhora, então, o rendimento escolar também sobe. Tem que acreditar em si mesmo.”

O núcleo também realiza excursões com a meninada. Mas não é tão simples assim. A coordenadora comenta que até na hora de dar presentes, como é o caso da excursão, deve-se ensinar cidadania e trabalho duro para as crianças. Então, eles recebem espécie de passaporte para uma viagem e, durante o período letivo, vão ganhando ‘vistos’, que são conquistados a partir de bom comportamento nas aulas, ações idealizadas, boas notas, entre outros.

Os estudantes produzem também um jornal, intitulado Pequeno Repórter, que é mensal e feito com supervisão dos educadores.

Casal vive há 40 anos na mesma casa

Muito tempo se passou desde que o casal José Polastro, 76 anos, e Neuza Terezinha Polastro, 74, chegou à Vila Vivaldi. Neuza narra como a paisagem era quando pisou pela primeira vez no local. “Moramos aqui há 40 anos. Quando chegamos tinha poucas casas, nosso vizinho fez a dele junto com a nossa, na mesma época”, relata.

A aposentada admite, porém, que o bairro tem problemas quando a chuva chega. “Quando tem temporal, aqui sempre dá enchente. Teve uma vez que a água chegou a invadir meu quintal. Não é tão grave quanto em outros lugares, mas preocupa.”

Já o aposentado José Polastro comenta que recebeu outras ofertas, mas preferiu viver no bairro. “Eu morava em Lins. Me ofereceram outros terrenos, até em outros lugares, mas decidi comprar aqui na Rua Tietê”, lembra.

Polastro se queixa de um imóvel que se tornou depósito de coisas velhas. “A casa ali do outro lado da rua está ficando perigosa porque o morador guarda um monte de objetos usados. Estamos com medo nesta época de chuva, pois há risco de dengue e outras doenças que podem aparecer por conta da sujeira. Além disso, tem cada rato ali que mais parece coelho.”

O aposentado é apaixonado pelo time do Palmeiras, mas, segundo ele, está mais sofrido torcer ultimamente. “Está difícil ser palmeirense, é muito sofrimento. Pensei que o Santos iria entregar o jogo para o Vitória, mas deram uma forcinha”, conta.

Ele ainda relembra momentos emocionantes que passou com o time do coração. “O Parque Antártica (atual Allianz Parque) é o campo mais bonito do Brasil. Um jogo em que estava presente e nunca vou esquecer foi quando o Palmeiras foi campeão da Libertadores contra o Deportivo Cali. Foi muito bom presenciar o momento.”

Associação promove ações para idosos

Outra iniciativa interessante dos moradores da Vila Vivaldi é a Associação Comunitária Santa Edwiges, onde são realizadas diversas ações culturais para cerca de 600 associados. Há atividades como ginástica, tricô, crochê, bordado, pilates e artesanato. Dentro da instituição há um núcleo para a terceira idade que, além de participar das atividades da associação, também organiza passeios, bazares e bingos.

O vice-presidente da associação, Francisco Cano, 70 anos, conhecido como Kiko, explica que a entidade não é somente para quem participa da igreja. “A associação é ligada à Paróquia Santa Edwiges, mas não são somente os católicos que podem participar. Não tem discriminação, aceitamos todo mundo.”

Ele comenta também sobre um passeio que o núcleo da terceira idade realizou. “Fizemos uma viagem muito legal para Caldas Novas. Nessa excursão levamos 15 pessoas que nunca tinham andado de avião. Sábado (hoje) vamos para o (parque aquático) Magic City, em Suzano, 46 pessoas estão confirmadas.”

A aposentada Gilberta Diogo, 61, mudou-se para o bairro aos 5 anos e descreve a mudança de paisagem. “Quando vim para cá só havia chácaras, não tinha quase nada. Era praticamente um lugar rural”, recorda. Ela participa da associação e comenta sobre um dos eventos feitos pelo grupo. “No Dia das Crianças fazemos festa e distribuímos sacolinhas com presentes. Neste ano foram cerca de 1.200 beneficiados.”

Cano conta que conseguiu um espaço para construir praça de atividades para a terceira idade, que funcionará no próprio bairro. “No próximo ano vamos erguer um espaço para o idoso. Serão várias atividades no local. Vai ser bem bacana. Nesta semana mesmo consegui os documentos do terreno e esperamos começar as obras logo”, adianta.

Ele também garante que a Vila Vivaldi abriga muitas pessoas de bom coração e todo mundo se conhece. “Aqui somos bons amigos. Os vizinhos se cumprimentam na rua. A gente adora a Vila Vivaldi”, finaliza.  




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