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MST defende invasão de terras; Rossetto diz que governo fez pouco
Do Diário OnLine
Com Agências
20/11/2003 | 17:51
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O líder sem-terra João Pedro Stédile, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), defendeu a invasão de propriedades como única solução para promover a reforma agrária no país. No mesmo evento, que reuniu cerca de dois mil ativistas sem-terra no Parque da Cidade (Brasília), nesta quinta-feira, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, reconheceu que o governo fez pouco pela distribuição de terras em 2003.

Num discurso inflamado para os ativistas mobilizados em Brasília, Stédile defendeu que os movimentos devem continuar colocando "o povo nos acampamentos" para mostrar à sociedade que a distribuição de terras é "solução contra o desemprego". O líder sem-terra criticou ainda a existência de alas "neoliberalistas" dentro do governo. Por fim, Stédile convocou os sem-terra a discutirem com o governo, além de metas de assentamento de terras, um novo modelo econômico para o país.

No mesmo evento, o ministro Rossetto reconheceu que o governo federal fez pouco pela reforma agrária em 2003. Ele admitiu que a meta de 60 mil assentamentos para o primeiro ano de governo Lula será cumprida pela metade. Mas Rossetto previu um quadro mais animador em 2004.

O ministro atribuiu as dificuldades para a questão agrária à falta de recursos, fruto de "um processo de transição" de governos. "Nós recebemos um orçamento extremamente difícil, mas trabalhamos muito e já temos 30 mil assentados", avaliou.

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoino, afirmou que a consolidação da reforma agrária depende da "subida de três rampas": do Palácio do Planalto (sede da Presidência da República), do Congresso Nacional e do Poder Judiciário. Genoino destacou que a distribuição de terras enfrenta obstáculos por causa do "conservadorismo" da maioria dos parlamentares e da "burocracia" do Judiciário para a liberação de áreas. Para ele, a rampa do Planalto "é a mais fácil de subir".

O presidente petista cobrou uma aceleração do processo de reforma agrária em todos os Poderes.

Reunião - Os ativistas sem-terra chegaram a Brasília na marcha organizada pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo. Integrantes do MST, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) estão acampados na capital federal para reivindicar ações da reforma agrária. Nesta sexta-feira, às 11h, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai receber líderes dos três movimentos para discutir a reforma agrária.

O presidente deve apresentar aos ativistas as ações que o governo federal tem feito no âmbito do Plano Nacional de Reforma Agrária. A promessa do governo é assentar um milhão de famílias de sem-terra até 2006.

O plano de reforma agrária do governo compreende a criação de assentamentos por meio de desapropriação de áreas agrícolas e a regularização da posse de áreas para 500 mil famílias que já estão na terra mas não possuem a escritura da propriedade. Outra frente do governo se baseia no uso do crédito fundiário para o assentamento de 150 mil famílias.




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