A produçao descarta a linearidade narrativa. O despudor beira a amoralidade (neutra, nada a ver com imoralidade) em Sweet Movie, nunca sem trazer a grossa estampa da revoluçao comportamental que se seguiu entre os anos 60 e 70. Makavejev é escandaloso, sem conotaçao negativa. Assim pedia a época. Se atuava como carbonário, era para responder à tesoura descabida da censura que vigorava em regimes baseados no despotismo.
Duas histórias compoem a obra. Simultâneas, reveladoras. Em uma, há a modelo que se casa com um magnata do açúcar. O doce do título (sweet) nesse núcleo fica a cargo do banho de chocolate ao qual se submete a moça. Chocolate amargo depois da intervençao do capital. Foge, acomodada em uma mala, para Paris.
A segunda é protagonizada pela comandante de um navio cargueiro. A mulher sobe e desce, até encontrar um dissidente do Encouraçado Potenkim. A carga é açúcar, que perde o sabor com a injeçao de totalitarismo que resulta do encontro. A carranca da embarcaçao, que reproduz a cabeça de Karl Marx, e as idéias socialistas da mulher nao estao ali à toa. Formam o alvo da crítica impetrada contra sistemas de unificaçao econômica, que desfavorecem a revoluçao ideal, a anarquista.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.