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Delator fala em doação oficial para Grana e caixa 2 a Bonome

Guilherme Pamplona, da Odebrecht Ambiental,
contou que repasses em 2012 miravam Semasa

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
28/04/2017 | 07:00
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Nario Barbosa 27/12/16


Delação do ex-executivo da empresa Odebrecht Ambiental, Guilherme Pamplona Paschoal, ao MPF (Ministério Público Federal), detalhou doações de R$ 500 mil, de forma oficial, ao ex-prefeito de Santo André Carlos Grana (PT) e de R$ 400 mil, por meio de caixa dois, ao ex-prefeiturável Nilson Bonome (PMDB) no processo eleitoral de 2012.

Paschoal contou aos promotores que, apesar de a doação à campanha vitoriosa de Grana ter sido efetuada por meios legais – a companhia depositou os recursos ao PT, que repassou à candidatura do petista –, o então deputado estadual estava ciente de que a Odebrecht tinha interesses na privatização do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). O delator relatou que contato foi com Arlindo José de Lima (PT), então coordenador da campanha petista e que veio a ser secretário de Governo, e com o próprio Grana. Até então, disse ele, os petistas não tinham conhecimento de que o auxílio ocorreria “por meio oficial”. “O primeiro contato não sabia se recurso que acabou sendo por via oficial, se seria oficial ou caixa dois. Com o candidato, tive reunião antes ainda de ser com o Arlindo. Foi num almoço, em restaurante de peixes na (Rua) Vergueiro. Tava eu, Grana e um conhecido dele. A gente conversou sobre a necessidade de investimento em saneamento no município. Apresentei a ele sobre a Odebrecht. (...) Ele (Grana) gostou e entendia que precisava achar solução. Fazia parte do programa de governo. Um dos problemas (da cidade) era saneamento”, citou.

Com a vitória de Grana, o governo petista autorizou a Odebrecht Ambiental a formular estudos para a PPP (Parceria Público-Privada) do Semasa, que chegou a ser homologada no ano passado. Após perder a reeleição, em outubro, Grana deu andamento ao processo, mas acabou suspendendo a adjudicação para deixar a decisão de privatizar ou não a distribuição de água no município nas mãos do governo Paulo Serra (PSDB), que tende a não seguir com o projeto.

O delator reforçou ainda que o edital da PPP do Semasa foi formulado pelo governo Grana com base nos estudos feitos pela Odebrecht Ambiental, tecnicamente conhecido como PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse). “A vantagem da (elaboração da) PMI é que você consegue, no processo do momento licitatório, ter um diferencial de conhecimento técnico (da PPP), da engenharia, do orçamento”, frisou Paschoal.

No caso de Bonome, o ex-executivo cita duas doações feitas por meio de caixa dois. A primeira, de R$ 400 mil, diz respeito ao pleito de 2012, quando o peemedebista ficou em quarto lugar, com 17.333 votos. “No caso do Bonome, eu sabia que ele não seria eleito. Mas ele tinha uma influência no município e no Grande ABC que poderia fomentar e apoiar o projeto (da PPP)”, emendou.

Já a segunda contribuição foi para o páreo de 2014, quando Bonome foi candidato a deputado estadual e novamente derrotado – recebeu 15.861 sufrágios. Nas duas ocasiões, Paschoal contou que tratou das doações diretamente com o peemedebista, em reuniões na cafeteria Starbucks do shopping Eldorado, na Capital.

Procurados, Grana, Arlindo e Bonome não retornaram aos contatos do Diário. 




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